Boticas realiza a primeira feira do ano, mas vários concelhos dos distritos de Vila Real e Bragança têm agendados certames com caraterísticas semelhantes durante os meses de janeiro e fevereiro.
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Este fim de semana, Boticas, no distrito de Vila Real, marca o arranque do cartaz de feiras de fumeiro em Portugal. Até domingo decorre em Boticas a Feira Gastronómica do Porco e quatro dias depois abre a Feira do Fumeiro de Montalegre. Para fevereiro estão agendadas feiras, em que também se destacam os derivados dos suínos, nos concelhos de Chaves, Valpaços, Vinhais e Miranda do Douro.
Na Feira de Boticas, organizada pela câmara municipal, participam essencialmente produtores do concelho, mas também alguns do município vizinho de Montalegre. Todos confiam que vão esgotar os presuntos, salpicões, chouriças, alheiras e carnes salgadas que prepararam para esta montra.
Rosa Rodrigo, de Atilhó, Boticas, faz tudo à moda antiga e “o processo é caseiro desde o início”.
“Os porquinhos nascem em casa e comem o que cultivamos. Também contam o ar, a lareira e a lenha”, assevera. Nestas terras do Barroso, até o frio invernal importa. Fernanda Martins, produtora do concelho de Montalegre, assegura que “as carnes querem frio para ficarem bem curadas”.
Este ano o preço é um pouco mais alto. Dois euros no caso do salpicão, que passou a custar 32 euros por quilo. Rosa Rodrigo admite que possa ser considerado caro pelo consumidor tendo em conta “os baixos ordenados”. Mas “os custos de produção também são mais altos” que o ano passado. Dá o exemplo do azeite. Para ela, como compradora, “é caro”, mas compreende que quem o produz “o ache barato”. O inverso acontece com o fumeiro. “Para mim [como produtora] é barato, mas se o fosse a comprar também o acharia caro”.
Apesar disso, há sempre quem compre fumeiro para oferecer a familiares e amigos. O produtor botiquense Domingos Baía acha que é “um
belo presente”, especialmente se for um presunto, cujo preço depende do peso, mas facilmente pode custar “200 a 300 euros”.
O presidente da Câmara Municipal de Boticas, Fernando Queiroga, adianta que “o fumeiro é o símbolo da gastronomia do concelho”, mas durante os 26 anos em que se tem realizado a Feira Gastronómica do Porco “emergiram outros produtos como a carne barrosã e o mel, que têm denominação de origem protegida”. Destacam-se ainda “o pão, os chás, as compotas e os licores, que acrescentam valor ao fumeiro e geram mais rendimento”.
Fernando Queiroga não adianta números dos negócios feitos durante a Feira Gastronómica do Porco, para “não dar a sensação de que se anda em competição [com outros concelhos] sobre quem faz mais negócio”. Todavia, o autarca garante que “na segunda-feira os produtores estarão satisfeitos, durante três dias os restaurantes vão estar cheios e a feira é um cartaz para que durante o ano as pessoas visitem o concelho pela gastronomia e pelo património”.
