A Associação Nacional de Empresas Lutuosas explica que já não há funcionários hospitalares a preparar cadáveres.
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Desde 15 de março, as agências funerárias têm indicação para tratarem todos os corpos como se fossem de vítimas da Covid-19, altamente infecciosos, mas ainda há famílias que tentam organizar velórios e igrejas com missas marcadas.
As novas regras foram enviadas às agências filiadas na Associação Nacional das Empresas Lutuosas (ANEL) um dia antes de registarmos a primeira vítima mortal do novo coronavírus.
Carlos Almeida, presidente da ANEL, pede a ajuda dos municípios, mas também da Conferência Episcopal, para avisarem agora que não podem fazer-se velórios nem usar-se as capelas mortuárias.
"As empregadas de limpeza recusam-se a limpar estes espaços, com razão, e eu tenho a secretária cheia de despachos camarários a dizerem que se forem usadas capelas a limpeza fica a cargo das funerária", revela. Por isso, Carlos Almeida avisa as empresas associadas da ANEL para que recusem trabalhar nestes espaços e muito menos fazerem a sua limpeza.
Na vida e na morte nada é como foi
Esta é apenas uma das muitas alterações que até os enterros já sofreram em poucos dias. Onde quer que se morra, em casa, num lar ou num hospital, os funerais têm de ser muto rápidos.
As funerárias, tal como os hospitais, deixaram de vestir os mortos. "Os corpos são colocados num body bag, que é depois desinfetado", explica Carlos Almeida.
Do local do óbito segue-se diretamente para o cemitério ou centro crematório. De preferência, deve haver apenas um padre no local do enterro ou cremação, "nunca mais de 10 pessoas". O enterro deve ser o mais perto possível do local do óbito "para evitar grandes deslocações".
A Direção-Geral da Saúde recomenda a cremação das vítimas de infeção pelo novo vírus, e essa é a única diferença para as agências funerárias no momento de organizarem um funeral, de resto a nova doença até na hora da morte é igualitária.
O objetivo de tanta restrição é garantir a proteção de quem trabalha nesta indústria, bem como dos familiares e amigos dos falecidos.
O presidente da ANEL garante que apesar das novas regras, como o aumento das medidas de limpeza, proteção e desinfeção, os funerais não ficam mais caros em tempos de pandemia: "É que gasta-se mais de um lado, mas por outro os enterros são agora muito mais simples e rápidos."
Toda a documentação, por exemplo, é hoje tratada por email. Como sempre, é preciso "enterrar os mortos e cuidar dos vivos", mas raramente com tamanho sentido de urgência.