No dia em que o Representante da República começa a receber os partidos, ainda não há acordos formais que permitam formar Executivo e as negociações mantêm-se nos bastidores. Depois de o PS ter perdido a maioria absoluta no Parlamento, vários cenários foram traçados, nos últimos dias.
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Doze dias após a ida às urnas, o futuro do Governo dos Açores é ainda uma incógnita. Com o PS a garantir 25 do total de 57 mandatos do Parlamento açoriano e o PSD a garantir 21, as contas fazem-se com os partidos com menor representação parlamentar, mas ainda não há acordo maioritário fechado.
Se, de um lado, o PS de Vasco Cordeiro conta com a garantia de que, no que depender dos dois deputados eleitos pelo Bloco de Esquerda, não haverá um governo de direita no Arquipélago, o PSD de José Bolieiro já fechou acordo com o CDS e o PPM, juntando cinco deputados aos 21 que conseguiu eleger, ficando, ainda assim, longe da maioria.
Qualquer cenário que se desenhe torna os dois deputados eleitos pelo Chega e os deputados únicos da Iniciativa Liberal e do PAN peças fundamentais no xadrez político. Enquanto Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, já garantiu que não apoia um governo PS, Pedro Neves, do PAN, limita-se a afirmar que não alinha numa solução que inclua o partido de André Ventura.
Para alcançar maioria, sociais-democratas, centristas e monárquicos precisariam do apoio dos deputados do Chega, mas as condições impostas por André Ventura a nível nacional complicaram as contas.
Há, por isso, quem confie em eventuais cisões partidárias à vigésima quinta hora ou coelhos tirados da cartola na presença do representante da República, Pedro Catarino. No final da ronda de audições, é ao representante da República que cabe a primeira decisão, mas certo é que, com dois blocos minoritários, mesmo que um deles obtenha garantias de viabilização do programa de Governo, a solução de Executivo deverá permanecer instável.
O primeiro partido a ser recebido pelo representante da República no Solar da Madre de Deus, em Angra do Heroísmo, será o PAN, às 10h00 (hora local) desta sexta-feira, seguindo-se o Iniciativa Liberal, às 11h00, e o PPM, às 12h00. Ainda na sexta-feira são recebidos os representantes do Bloco de Esquerda, às 14h30, do Chega, às 15h30, e do CDS-PP, às 16h30. No sábado, Pedro Catarino ouvirá os dirigentes dos dois partidos mais votados: o PSD, às 10h00, e o PS, às 17h00.
De acordo com os dados oficiais, publicados na quarta-feira em Diário da República, o PS obteve 40.703 votos (correspondentes a 40,65% e a 25 mandatos no Parlamento regional, perdendo a maioria absoluta), o PSD 35.094 (35,05%, 21 mandatos). O CDS-PP obteve 5.739 votos, ou seja, 5,73% e três mandatos (o partido integrou ainda uma coligação com o PPM no Corvo, que conseguiu eleger um deputado monárquico).
O Chega foi a quarta força mais votada, com 5.262 votos (5,26%, dois mandatos), seguindo-se o BE, com 3.962 (3,96%, dois mandatos), o PPM, com 2.415 (2,41%, um mandato, a que se soma o deputado eleito em coligação com o CDS-PP), a Iniciativa Liberal, com 2.012 (2,01%, um mandato), e o PAN, com 2.005 (2%, um mandato).