Galamba cita Marcelo para justificar que Orçamento "é bom", mas nem uma palavra sobre TAP
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Marcelo Rebelo de Sousa chegou a pedir a demissão de João Galamba, o ministro das Infraestruturas manteve-se no cargo e, esta terça-feira, utilizou as palavras do Presidente da República para defender o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo. "Este orçamento segue a única estratégia possível", disse Marcelo e lembra Galamba, que pediu até permissão para acrescentar: "É um bom Orçamento".
"De facto, é hoje claro que a estratégia definida pelo Governo dá uma resposta global, e a resposta possível, aos diferentes desafios que enfrentamos", acrescentou, já depois de lembrar que será no próximo ano que o país vai ficar a saber qual será a localização do novo aeroporto de Lisboa, o que mereceu bastantes aplausos da bancada do PS. Mas, sobre a TAP, nem uma palavra durante os quase 30 minutos de discurso.
Já sobre o Orçamento, João Galamba entende que "apenas com contas certas seremos capazes de garantir qualidade de vida aos portugueses, um presente sustentável para as pessoas e empresas que cá investem".
"As contas certas não são um fim em si mesmo. São o instrumento que nos permite, de forma gradual e consistente, sem retrocessos, cumprir uma agenda de recuperação e aumento de rendimentos", acrescenta.
As contas certas e a "poupança" permitem ao Governo "aplicar medidas como o aumento das pensões e a redução do IRS". "Ao contrário da oposição, que dispara para todos os lados, promete tudo a todos, este é um orçamento responsável, mas ambicioso, que vem ao encontro das necessidades das famílias, das empresas, das necessidades presentes e futuras do país", atira, em mais uma bicada à oposição.
E conclui: "Este é o Orçamento dos portugueses". Num discurso com muitas críticas para a direita, João Galamba clarifica também "a poeira que a oposição" quer atirar para os portugueses, no que toca aos impostos indiretos. O ministro garante que o balanço é de mil milhões de euros que vão ser devolvidos "a todos os portugueses".
Galamba fala em "ano importante" para a ferrovia
Este é o ano também para "concluir importantes estratégias ferroviárias no país", como o lançamento da linha de alta velocidade, o que mereceu um sorriso de Pedro Nuno Santos, na última fila do hemiciclo.
Galamba sublinha o foco nos investimentos do PRR, "a que se vão somar muitos outros investimentos". "Todas estas obras são vitais para a economia nacional", acrescenta.
"Um país mais coeso é um país mais competitivo", diz, olhando para as bancadas à direita. Para o ministro, "a direita desvaloriza ou nega a realidade porque não só o investimento privado tem sido um dos motores da economia como tem havido investimento estrangeiro".
O tom crispado para a direita
O Orçamento para o próximo ano está alinhado com uma trajetória de crescimento e redução da dívida, de acordo com o ministro, que lembra ainda que o Governo "tem feito os que muitos diziam ser impossível". E, para a oposição, volta a garantir que a proposta do Governo "tem reforço de rendimentos e protege o futuro".
A redução do IRS "é para todos os portugueses e não apenas para alguns", como dizia a Iniciativa Liberal, e o Governo afasta-se da oposição, "superando até as suas maiores ambições". João Galamba foi dando vários exemplos para justificar a estratégia do Governo, garantindo que "este é um Orçamento que aumenta o rendimento dos portugueses".
"A governação é um exercício complexo, é preciso propor e apresentar resultados", disse, voltando a dirigir a mira para a oposição. E acrescenta: "O Governo cumpre as suas promessas e trabalha para melhorar a vida das pessoas. Os portugueses sabem que podem contar com o PS".
A política, na opinião de Galamba, "não se faz com varinhas mágicas liberais". Nem com a estratégia dos partidos à esquerda do PS. João Galamba foi o escolhido pelo núcleo duro do Governo para encerrar o debate do Orçamento, curiosamente, dias depois do veto do Presidente da República ao diploma sobre a privatização da TAP.
