Em declarações à TSF, a Federação Nacional da Educação é taxativa e sublinha que os profissionais do setor correm "em contra-relógio", pelo que a crise política representa "uma perda de tempo". Já a Fenprof admite oportunidades, nomeadamente obter dos partidos um "compromisso para valorizar a profissão de docente"
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A queda do Governo, ditada pelo chumbo da moção de confiança no Parlamento, tem implicações diretas em vários setores do país, desde logo na educação, podendo deixar vários diplomas 'em banho maria'. A atual situação política proporciona, assim, um conjunto de oportunidades e desafios, com as federações a afirmaram que o cenário de eleições antecipadas é "inequivocamente um prejuízo" ou, por outro lado, uma hipótese de se "ganhar tempo" para discutir melhores propostas.
Em declarações à TSF, o coordenador da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) faz um ponto de situação. Nesta altura, estava previsto dar início à discussão sobre a revisão do estatuto da carreira de docente. Mas, para Mário Nogueira, o Executivo liderado por Luís Montenegro pretendia abordar a questão partindo de um ponto que "não era o mais importante", por isso, o hiato que se ganha com um cenário de eleições antecipadas pode ser positivo.
"O Governo não pretendia começar por aquilo que era o mais importante, que é definir a próxima estrutura de carreira, os indicies salariais para a carreira e a forma de transitar entre a atual para a futura carreira. Isso não estava sequer no protocolo negocial que algumas organizações subscreveram", lamenta, afirmando que, com a queda do Governo, pode "ganhar-se tempo".
O objetivo agora é, explica, garantir que os partidos "assumam o compromisso no sentido de valorizar a profissão de docente" durante a campanha eleitoral.
O coordenador da Fenprof ressalva, contudo, que existem duas questões, que sendo medidas de gestão, este Governo tem a "obrigação" de antecipar: o próximo ano letivo e o concurso para os professores.
"A única coisa que poderá dificultar um pouco - mas também este Governo terá essa obrigação, porque não se trata de tomar medidas novas, é na preparação do próximo letivo. (...) O mesmo acontece em relação ao lançamento dos concursos para a colocação de professores", esclarece.
Os anos letivos "não se preparam em junho e julho", lembra, afirmando que este calendário começa "muito antes". Expressa, assim, algum receio com o possível atraso destas decisões, mas destaca que é "uma questão de gestão" e não "uma tomada de novas medidas".
Já Pedro Barreiros, da Federação Nacional da Educação (FNE) é mais taxativo: a queda do Governo representa "inequivocamente um prejuízo".
"Não vejo que alguém possa dizer que daqui desta crise se retira algum ganho. É uma perda de tempo. Não temos tempo para desperdiçar. Nós corremos em contra-relógio, temos muitos problemas para resolver", assinala, em declarações à TSF.
A FNE revela ainda a mesma preocupação com o arranque das preparações do próximo ano letivo e processos concursais, acrescentando que o Executivo tinha apresentado um prazo de conclusão que apontava para finais de maio, início de junho.
"Seria desejável que os processos concursais já pudessem estar num ponto avançado, por forma a garantir aquilo que o Governo nos tinha dito que iria fazer, que era, ainda no presente ano letivo, dar a conhecer aos professores, com a devida antecedência, a informação das colocações", adianta.
