O festival tem já mais de uma década, mas o Escritaria, em 2018, surgiu com uma novidade plena de sabor: a elaboração de uma ementa que retratasse os gostos de alguns escritores que já passaram por Penafiel e pela iniciativa que agita a cidade nortenha.
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Penafiel é a cidade do Escritaria, festival literário que, no mês de outubro, agita o ambiente da urbe nortenha e enriquece o panorama cultural da região.
A 11.ª edição desta iniciativa surge, este ano, com uma saborosa novidade, ao estabelecer ligação com a gastronomia, algo indissociável da literatura, tão comuns são, em qualquer obra, as referências a pratos ou cozinhados.
De Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco a Fialho de Almeida e Ernest Hemingway há linhas e linhas que são capitosas descrições de cozinhados suculentos, aprimorados.
Para associar a vontade de apreciar um bom pitéu ao gosto pela leitura, o município lançou um desafio: criar uma ementa que levasse o festival literário a quem visita a cidade e desejasse provar os pratos favorito dos escritores que já passaram pelo Escritaria.
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A chef Elisabete Miranda da escola profissional Penafiel Ativa aceitou o repto e criou uma ementa, após recolha da informação necessária. Levou em conta os sabores preferidos de cada autor e privilegiou o recurso aos produtos da região, a matéria-prima de qualidade.
Concluído o processo de formação e disponibilizada a informação técnica, seis restaurantes, dos mais tradicionais aos espaços vanguardistas, aderiram de imediato.
O moderno restaurante do Penafiel Park Hotel apresenta a ementa completa, em que os sabores do bosques dão sabor ao preâmbulo refeiçoeiro: uma entrada cozinhada a partir de uma descrição feita por Miguel de Sousa Tavares, creme de cogumelos tortulhos, castanhas e perdiz confitada a baixa temperatura.
Aveludado e saboroso, criou justificadas expectativas para o ato seguinte, dedicado a Pepetela - o escritor presente na edição de 2018 -- em que imperaram os sabores do mar do norte: bacalhau confitado em terrina de broa de milho do Vale do Sousa, com pimentos assados, grelos salteados da nossa terra, grão de bico e azeite.
Uma posta do gadídeo, de boa qualidade, a coroar grãos emergentes de uma broa, com o fundo do interior forrado a grelos. Tudo regado com azeite, nesta recriação - bem apresentada, colorida e saborosa - de clássicos bacalhoeiros.
Para cortar sabores, recordando Urbano Tavares Rodrigues, o palato limpa-se com nostalgia: um sorvete de vinho tinto duriense com amêndoa torrada.
Entretanto, com Alice Vieira, chegam-nos os aromas das pastagens verdes: os grelos e anho assado em vinho verde envoltos num folhado, arroz malandrinho de enchidos, miúdos de anho e açafrão.
A frescura dos vegetais e a suculência da carne foram as notas «mais» deste prato, que talvez ganhasse outro esplendor, uma mais acentuada textura de sabores, dispensando o açafrão,
À sobremesa, com Agustina Bessa-Luís, terminamos com o doce sabor de um pudim de pão podre de Penafiel, presunto, mel e azeite servido com queijo local e vinho licoroso.
Um final calórico, em apoteose, de uma refeição que tem o aliciante (virtual) da companhia, à mesa, de um escritor que tenha passado pelo Escritaria, e o gosto (real) de saborear um dos pratos preferidos do autor favorito.
Para degustar até final de outubro - a partir do próximo mês só mediante prévia marcação - nos espaços aderentes e no restaurante do Penafiel Park Hotel.
Este menu justificava mais Escritaria; mas, é melhor saboreá-lo. Em Penafiel.
Onde fica:
Localização: Rua Província de Pontevedra s/n, 4560-232 Penafiel
Telef.: 255 710 100