General Mendes Ferrão: "Vai ser preciso reforçar alguns programas essenciais da Lei de Programação Militar"
Na entrevista desta semana à TSF e ao Diário de Notícias, o Chefe do Estado-Maior do Exército explica que os objetivos previstos na Lei de Programação Militar de 2023, estão condicionados pelos custos dos materiais de guerra que dispararam nos últimos dois anos
Corpo do artigo
As guerras a Leste, na Europa e no Médio Oriente, estão a comprometer a execução da Lei de Programação Militar (LPM), em vigor desde início de 2023.
O Chefe do Estado-Maior do Exército não tem dúvidas em garantir que é preciso ajustar, devido às subidas dos custos. E numa entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, o general Mendes Ferrão, chega mesmo a dizer que "vai ser preciso reforçar alguns programas essenciais da Lei de Programação Militar".
Um dos exemplos citados é o dos sistemas de defesa aérea. Outro é o da capacidade de fogo de artilharia e de drones de sacrifício, carregados de explosivos.
Na LPM, o objetivo era ter determinadas capacidades funcionais até 2034. O general Mendes Ferrão entende que esse prazo, aos preços actuais e com os níveis de Orçamento, são impossíveis de garantir.
A boa notícia é o sinal que chega do recrutamento.
O comandante do Exército português sublinha que mais de quatro mil recrutas entraram para o Exército este ano, e esse número deve aumentar no último trimestre. Se se confirmar, será o primeiro ano de crescimento de efectivos desde 2011. Além disso, as taxas de atrição nos cursos, ou seja, as desistências, estão a cair mais de metade. “Eram de 30% e passaram para 13%”, as desistências durante os cursos de recrutamento, segundo o general Mendes Ferrão.
O Chefe do Estado Maior do Exército acredita que as recentes medidas anunciadas pelo Governo, quanto as remunerações e à criação do quadro permanente de praças, vão ajudar a tornar o Exército mais atrativo.
Na celebração do Dia do Exército, marcada para dia 24 de outubro, o general Mendes Ferrão antecipa uma demonstração de modernidade desta arma das Forças Armadas que passa pela criação de um centro de experimentação e simulação, no campo militar de Santa Margarida. Uma forma de ligar as universidades às indústrias, e criar terreno para testes das forças e países aliados, em Portugal, e em contacto com tecnologias desenvolvidas e produzidas em Portugal.
Numa altura em que tanto se fala de uma possível candidatura presidencial do almirante Gouveia e Melo, a TSF e o Diário de Notícias questionaram o Chefe do Estado-Maior do Exército sobre a pertinência de ter um militar como candidato a Presidente. O comandante do Exército limitou-se a autoexcluir-se e a dizer que gosta muito do Exército. O general Mendes Ferrão defende que, independentemente da profissão, o país o que precisa é de “um belo Presidente”.
