Generosidade tem-se vindo a perder "porque deixámos de estar atentos"
Em Dia Mundial da Generosidade, a TSF conversou com a presidente da Entrajuda para entender melhor o que significa ser generoso nos dias de hoje.
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A generosidade é espontânea, não olha a interesses e requer alguma atenção. Isabel Jonet, presidente da Entrajuda, considera que o conceito de generosidade tem-se vindo a esbater devido à desatenção muitas vezes criada pela tecnologia.
"Generosidade tem a ver com atenção e tem a ver com os outros serem importantes. Não sou só eu que sou o centro do mundo", explica à TSF.
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A presidente da Entreajuda, uma instituição que apoia organizações de solidariedade social, considera que o conceito de generosidade é cada vez mais importante, "num mundo onde as tecnologias desumanizam e nos afastam do outro".
Os portugueses são mais generosos do que solidários.
"Mais do que o nosso telemóvel ou mais do que a música que nos entra pelos phones." Isabel Jonet considera que é importante haver uma maior aproximação ao mundo real.
"É absolutamente determinante reencontrar o sentido deste termo generosidade que se tem vindo a esbater, em que podemos com facilidade dar o lugar no autocarro, ajudar uma senhora idosa a levar um saco de compras. Tem-se vindo a perder porque deixámos de estar atentos", explica Isabel Jonet.
A presidente da Entrajuda considera também que, hoje em dia, há alguma confusão entre generosidade e solidariedade, mas garante que se trata de "conceitos completamente distintos".
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Isabel Jonet explica que enquanto a generosidade "é uma virtude em que nos sentimos levados, ou temos um ímpeto de contribuir seja que de forma for, para tornar a vida de outros melhor", já a solidariedade "é ser parte de um todo", em que a pessoa se sente pronta a ajudar caso partilhe os interesses do outro. "Não é algo que vem de dentro mesmo quando nós não nos identificamos com o outro para quem estamos a contribuir", explica.
A presidente da Entrajuda garante que há muita generosidade em Portugal e isso revela-se em momentos difíceis como os incêndios de 2017 ou o ciclone Idai que atingiu Moçambique em março.
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"Os portugueses são até mais generosos do que solidários", afirma Isabel Jonet, explicando que se sentem impelidos a ajudar "muitas vezes não sabendo muito bem qual é o destino dos seus donativos".
