Geofísico diz que não há motivos para entrar em pânico: "Este sismo apenas traduz a aproximação tectónica entre África e Eurásia"
À TSF, o professor Miguel Miranda considera que não existe qualquer motivo concreto para se recear que o terramoto desta madrugada seja o prenúncio de algo mais grave. Ainda assim, lembra que Portugal está localizado numa região sísmica
Corpo do artigo
O professor Miguel Miranda, geofísico e ex-presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), considera que não há motivos para entrar em pânico na sequência do sismo de 5.3, registado esta madrugada ao largo de Sines e sentido um pouco por todo o país, especialmente em Lisboa e Setúbal.
Em declarações à TSF, Miguel Miranda recorda que, no mesmo local, ocorreu no século XIX um sismo que teve forte impacto na região de Setúbal. O professor afirma que não existe qualquer motivo concreto para se recear que este terramoto seja o prenúncio de algo mais grave, mas não se deve esquecer que Portugal está localizado numa região sísmica. "À partida, essa situação [algo mais grave], não sendo completamente impossível do ponto de vista da geologia e de situações raras que se conhecem noutros locais do mundo, este sismo apenas traduz a aproximação tectónica entre África e Eurásia, que é muito bem conhecida, mas não vou dizer que isso é completamente impossível. Claro que pode acontecer", afirma.
O geofísico explica que não devemos olhar com preocupação para o facto de se terem registado quatro réplicas. "A partir do momento em que há um movimento significativo, tem de haver um reajuste. Esse reajuste é feito tipicamente através das réplicas, por isso é que as réplicas têm normalmente magnitudes inferiores, porque elas são reajustes geológicos", esclarece.
Miguel Miranda salienta ainda que as autoridades devem estar atentas. "A preocupação tem de fazer parte da nossa vida. Nós estamos numa região sismicamente ativa e, portanto, todas as decisões que têm de ser tomadas sobre construção, sobre a ocupação da região perto do mar, tem de ser informado pelos riscos que realmente o país corre."
O sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05h11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal, e não causou danos pessoais ou materiais até ao momento, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
