Geringonça foi "muito mais uma solução de Governo do que uma discussão de agendas"
Paulo Pedroso, em declarações à TSF, explica o objetivo da "Causa Pública" que une as esquerdas.
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Chama-se Causa Pública, é uma iniciativa cívica e junta vários nomes da esquerda. O presidente é Paulo Pedroso, antigo ministro socialista, que não vê na associação o início de uma nova gerigonça, quer apenas apresentar soluções. O pontapé de saída, com o primeiro fórum para discutir ideias, é dado este sábado.
Da direção fazem parte a ex-ministra socialista Alexandra Leitão, a antiga deputada do Bloco de Esquerda (BE) Ana Drago ou o antigo dirigente do PCP e do BE Rogério Moreira. O advogado e militante do Livre Ricardo Sá Fernandes preside à Mesa da Assembleia Geral e o economista Ricardo Paes Mamede fica com a pasta do Conselho Estratégico.
Entre críticas ao que António Costa não conseguiu fazer nos tempos da geringonça, focando-se apenas "numa solução de Governo", Paulo Pedroso afasta leituras sobre os caminhos políticos que a Causa Pública pode abrir.
"O que nos une é a ideia de que depois do Governo da geringonça há que avaliar o que correu bem e o que correu mal, pensando numa perspetiva dinâmica e de "o que é preciso para mudar o país". Não achamos que a esquerda tem de preservar o que conseguiu, mas sim construir novos equilíbrios e novos desafios", explica, em declarações à TSF.
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O PS, nesta altura, tem maioria absoluta na Assembleia da República e depende apenas dos votos socialistas para aprovar propostas. Paulo Pedroso admite que vê com bons olhos os entendimentos à esquerda, e a geringonça "foi uma boa experiência", numa aparente crítica ao atual Governo.
"Se há coisa que une todas as pessoas que se reconhecem na Causa Pública, é a ideia de que Governo o país com os contributos de toda a esquerda é melhor. É bom e foi uma boa experiência", atira.
E, na opinião do também sociólogo, a geringonça de António Costa podia ter dado mais: "A experiência que houve em Portugal foi, de algum modo, prejudicada por falta de debate programático". Para Paulo Pedroso foi "muito mais uma solução de Governo do que uma discussão de agendas".
É essa discussão que a Causa Pública pretende, com o primeiro fórum já neste sábado, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, para debater quatro áreas prioritárias, ou seja, "a política económica, os desafios ambientais e a transição climática justa, o futuro dos direitos sociais e a inclusão, e a qualidade da democracia".
O painel dedicado à economia será composto por Ricardo Paes Mamede e pelo antigo ministro socialista João Cravinho. O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Pedro Delgado Alves fica responsável pela temática da qualidade da democracia.
Nos próximos meses, a associação vai passar dos debates para a apresentação de propostas concretas. Caberá aos partidos decidirem se aproveitam os contributos desta "união de esquerdas".