Gestão da água entre Portugal e Espanha. "A sociedade civil deveria ter sido informada para poder envolver-se e tomar uma decisão"
A associação ambientalista Zero admite estar com receio das regras que vão ser acordadas entre os dois países
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A associação ambientalista Zero lamenta que o Governo não tenha ainda aberto o jogo e revelado algumas das propostas que estão a ser negociadas no âmbito do acordo sobre a gestão transfronteiriça da água. Sara Correia, especialista da Zero em políticas públicas na área da água, defende que a sociedade deve ter uma palavra a dizer na construção deste acordo.
"Aquilo que entendemos é que, de facto, deveria ter havido uma divulgação pública antecipada daquilo que são os termos que estão a ser negociados e, portanto, a sociedade civil deveria ter sido antecipadamente informada para poder envolver-se e tomar uma decisão sobre aquilo que está na base deste acordo e isso não aconteceu", explica à TSF Sara Correia, considerando que o Governo tem de ir mais longe na definição dos caudais diários no rio Tejo e ter cuidado no que for decidido sobre a captação de água no Pomarão, no concelho de Mértola.
A Zero admite estar com receio das regras que vão ser acordadas entre Portugal e Espanha. "Este acordo, ao definir caudais diários, não vai ao encontro daquilo que são as necessidades dos ecossistemas. Depois, no caso do Pomarão, há um receio de Portugal ceder de alguma forma mais a norte, no caso do Tejo, para poder garantir a captação que está prevista no Pomarão, e, ao mesmo tempo, também ceder a Espanha a possibilidade de captarem mais água do que aquela que estão a captar atualmente naquela zona. Há aqui uma série de coisas que nós não estamos a par, não sabemos o que está a ser efetivamente acordado e, nesse sentido, temos aqui algum receio do que é que pode surgir deste acordo", sublinha Sara Correia.
O acordo sobre a gestão transfronteiriça da água é assinado na sexta-feira, em Madrid.
