Para identificar e proteger todas as árvores de grande porte de Lousada, a associação VERDE criou o projeto Gigantes Verdes. Nos últimos quatro anos, identificaram 7500 árvores e caracterizaram 3500.
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A iniciativa partiu de Gonçalo Soutinho, um biólogo de 25 anos. O objetivo passa por fazer um levantamento das árvores do concelho e também envolver a comunidade no trabalho de preservação destes gigantes. Ao longo dos últimos quatro anos, identificaram 7400 árvores de grande porte.
O tulipeiro-da-virgínia fica junto à capela da Sra. da Ajuda, "precisa de quatro pessoas para ser abraçada, tem seis metros de perímetro e a copa da árvore confunde-se com a torre da capela, tem mais de 150 anos e é a quarta maior do país desta espécie".
Gonçalo Soutinho é o fundador da Verde - Associação para a Conservação Integrada da Natureza e explica que os Gigantes Verdes nasceram em 2017. "O município de Lousada lançou o projeto Fundo Ambiental e de Sustentabilidade do concelho, no qual jovens podiam candidatar-se com projetos que tivessem impacto no concelho. Eu tinha regressado da Alemanha e queria fazer um projeto ligado às árvores, candidatei-me a este fundo e ganhei uma bolsa. Numa fase inicial, achei que ia identificar mil árvores, mas rapidamente percebi que estava enganado e o projeto acabou por ser a minha tese de mestrado. No final de 2019, tinha 7500 árvores identificadas, 3500 caracterizadas (espécies, dimensões, papel no ecossistema, capacidade de sequestrar carbono, etc.)".
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Gonçalo Soutinho explica que "a ideia foi trazer esta informação científica e criar uma ferramenta regulamentar no concelho para tentar preservar estas árvores". "Desde que começámos este processo, já desapareceram cerca de 500 árvores, metade devido à mão humana: intensificação agrícola e urbanização", conta.
Para travar este abate, Gonçalo Soutinho, em parceria com a autarquia de Lousada, fez o levantamento de todas as árvores de grande porte do concelho, cidade que percorreu a pé para que nada escapasse.
O objetivo é envolver a comunidade, mostrar que além da biodiversidade estas árvores podem ajudar a combater o aquecimento global. "Estamos a criar um projeto que é o Carbono Biodiverso, que pretende ajudar as pessoas a compensar a pegada pessoal no dia-a-dia. O impacto médio de um português é de 5 toneladas de carbono por ano para a atmosfera, um gigante verde em média tem 1,5 toneladas de carbono em si e, por cada ano que se mantém em pé, consegue sequestrar 50 kg. A ideia passa por: se preservarmos estas árvores, conseguimos ter exemplares que têm um papel muito grande em mitigar o nosso impacto no território. Ao preservar estas árvores, estamos a exponenciar o papel que podem ter".
A Verde criou uma rota dos Gigantes Verdes, com as 65 maiores árvores do concelho e a partir de julho organiza visitas guiadas; em breve também publicará um livro.