
Sinalização no concelho da Golegã
TSF/Nuno Serra Fernandes
À margem da estratégia do Governo para travar os crimes que causam alarme social, no caso dos roubos de cobre e outros metais, a câmara municipal da Golegã decidiu avançar com um plano de combate no concelho. A TSF foi ver, um ano depois, como funcionou a solução encontrada pela autarquia: o encerramento da circulação em várias estradas do município durante o periodo noturno.
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Francisco Marques lembra-se bem dos tempos em que era possível circular nos campos da Golegã sem restrições. Antes da autarquia vedar o acesso aos automóveis nas estradas municipais do concelho durante a noite, «era uma arrelia quase constante».
«Só de uma vez roubaram-me dois tratores, que apareceram no mesmo dia. Cabos elétricos cortados num pivot, que me deu um prejuízo elevado. Numa propriedade minha, o posto de transformação não dormiu lá uma noite. Foi montado numa segunda-feira de Carnaval, na terça-feira já lá não estava», diz o agricultor da Golegã à TSF.
Os prejuízos, no entanto, não foram muito diferentes dos de José Lourenço. «Em dois anos foram à volta de 5 ou 6 mil euros em cabos de cobre de dois pivots. Tive de os trocar».
Para travar os roubos, a câmara da Golegã decidiu em fevereiro do ano passado, proibir a circulação de automóveis, na maioria das estradas agricolas, entre as 19h00 e as 7h00.
Ao fim de um ano em vigor, o presidente José Veiga Maltez faz um balanço positivo já que «é voz corrente que diminuiu e quase que há uma ausência de roubo».
«Nós temos que evitar qualquer ida ao campo a quem não trabalha lá. Para todos os efeitos [a agricultura] é a maior indústria a céu aberto que temos. Não temos portões, não temos muros, temos que vedar as entradas», conclui o autarca.
Agora, só os automóveis com um dístico emitido pela câmara podem circular no campo. Os agricultores aplaudem a medida e a vizinha autarquia de Almeirim também.
A braços com um problema semelhante, o vice-presidente Pedro Ribeiro diz que apenas teve de adaptar a solução à realidade do concelho. «Não nos chateia muito copiar aquilo que nos parece que é bom. Neste caso, os resultados demonstram isso. Só tivemos que fazer algumas adaptações à nossa realidade mas básicamente, a medida, é semelhante».
É que, em Almeirim, as estradas municipais servem também pequenos lugares. Por isso há mais automóveis a certificar e o processo torna-se ligeiramente mais complicado. Além disso, o número de caminhos municipais é mais reduzido, abrangendo uma zona nos campos agrícolas junto ao rio Tejo.
A interdição de circular durante a noite está aprovada desde o verão e a câmara espera implementá-la no terreno durante o próximo mês de fevereiro.