Golfinhos sorriem nos espetáculos? "É uma ilusão, o animal estará sempre a rir-se, com a maior dor ou até a morrer"
A organização internacional Empty the Tanks quer acabar com os espetáculos de golfinhos. À TSF, a provedora do animal mostra-se solidária com os ativistas
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A organização internacional Empty the Tanks (ou, em português, “Esvaziem os Tanques”) promove, este sábado, junto ao Jardim Zoológico, em Lisboa, e no domingo, no Zoomarine, em Albufeira, protestos com o objetivo de pôr um ponto final nos espetáculos com golfinhos e a transição dos delfinários para santuários marinhos.
A ideia é informar o público sobre o que realmente acontece com os golfinhos criados em cativeiro e usados em espetáculos. Em declarações à TSF, a provedora do animal diz estar solidária com os ativistas. Laurentina Pedroso deixa claro que, até pode parecer, mas os golfinhos não sorriem. "Os golfinhos não estão a rir-se, é uma ilusão esta sensação que as pessoas têm de felicidade do animal e que é um animal com quem nós interagimos e que o animal está feliz e está a rir-se. O golfinho estará sempre com este sorriso, esteja com a maior dor ou esteja até a morrer", explica, assegurando que os animais não estão felizes quando atuam em espetáculos em cativeiro.
"As piruetas, o bater palmas, os saltos que nós vemos estes animais darem são literalmente cenas de espetáculos de circo. A outra situação são as interações com os golfinhos: os animais são mantidos numa piscina com um nível de água muito baixo para a sua espécie, para tirarem fotografias com seres humanos. Chegam a estar os mesmos animais um dia inteiro numa piscina e vai família após família, porque todos querem uma fotografia com o golfinho", lamenta.
A única vantagem de manter animais em cativeiro é quando estão em risco de extinção, mas não é isso que se passa com estes mamíferos selvagens.
"Não faz qualquer sentido manter em cativeiro um animal que pode durar até 50 anos, não faz qualquer sentido deixarmos que esses animais se reproduzam em cativeiro para nascerem novas crias, que são já crias que não têm a memória de vida selvagem e, portanto, não conseguirão nunca sobreviver na natureza, manter a reprodução e a criação de novos animais que vão durar mais 50 anos em cativeiro", sublinha.
Quase todos os golfinhos que existem em Portugal nasceram em cativeiro. A provedora do animal recomenda que sejam antes encaminhados para um santuário onde vivem protegidos, santuário esse a criar algures na costa portuguesa. Esta recomendação seguiu na pasta de transição do anterior para o atual Governo. Na orgânica do Executivo, o tema que estava sob tutela do Ministério do Ambiente fica agora no Ministério da Agricultura.