Governador do BdP? "É um cargo que qualquer economista pode gostar de desempenhar"
De saída do Governo e da presidência do Eurogrupo, Mário Centeno alerta para a crise que o país enfrenta.
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Foi apenas o segundo ministro das finanças a terminar uma legislatura e o primeiro a conseguir um superavit nas contas públicas. Mário Centeno está de saída e não estará para coordenar a resposta à crise provocada pela pandemia.
Em entrevista à RTP, o ministro cessante deixa, no entanto, vários avisos. É preciso muito rigor para reerguer a economia nacional.
"A estratégia de reabertura da economia é um exercício muito delicado, que requer imensa atenção, que obviamente não pode descurar uma trajetória de sustentabilidade nas finanças públicas, no sistema financeiro", disse.
Para esse trabalho de recuperação económica, Centeno acredita no trabalho de continuidade que será executado pelo seu sucessor, João Leão.
"Toda a estratégia orçamental montada desde 2015 foi trabalhada várias meses num solução de equilíbrio entre todas dimensões da economia e das finanças públicas. O novo ministro das finanças, que tomará posse na segunda-feira, também participou no mesmo grupo", disse.
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Incompatibilidade no Banco de Portugal
O atual governador do Banco de Portugal termina o mandato em julho. O nome do ainda ministro das Finanças é apontado como sucessor de Carlos Costa. Questionado sobre a sua eventual ida para o cargo, Centeno não escondeu a resposta.
"É um cargo que é muito importante para o país e que não vai perder importância nos próximo anos, é um cargo que qualquer economista pode gostar de desempenhar", afirmou, dizendo estar "apenas a fazer uma interpretação do cargo".
Mário Centeno disse ainda que a escolha do novo governador é da competência do Governo.
Relação saudavelmente tensa com Costa
Nesta entrevista, Mário Centeno quis esclarecer que não houve qualquer problema com o primeiro-ministro, classificando as alegadas divergências como "descontextualizadas".
"Não houve nenhuma deterioração dessa relação, nem podia haver", explicou, caracterizando-a como "saudavelmente tensa".
O paraministro António Costa Silva
Mário Centeno também aproveitou para reafirmar que não conhece António Costa Silva, o nome escolhido pelo Governo para desenhar um plano de recuperação económica.
"Não conheço. Não falei com ele, mas a decisão e a escolhe sobre o nome e a tarefa a atribuir foi obviamente discutida dentro do Governo. Eu participei nessa discussão. Não há outra questão associada a isso", disse.
O ministro. cessa funções na próxima segunda-feira após cinco anos no Governo de António Costa. O ministro cessante irá ser substituído no cargo por João Leão, atual secretário de Estado do Orçamento.
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