Governo anuncia conversão de equipamentos hospitalares em habitação para profissionais de saúde
O ministro Manuel Pizarro avançou, no Parlamento, que já estão em curso trabalhos para avançar com a criação de casas para estes profissionais na região do Litoral Alentejano.
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O ministro da Saúde anunciou, esta terça-feira, que estão em curso trabalhos para a reconversão de equipamentos hospitalares em unidades de habitação para os profissionais de Saúde. A revelação foi feita por Manuel Pizarro, no Parlamento, onde esteve a responder aos deputados, numa interpelação marcada pela Iniciativa Liberal.
Foi Rui Tavares, do Livre, quem lançou o repto, e questionou por que motivo não se arranjam casas para os profissionais de saúde, se a habitação é um problema que contribui para a falta de médicos e enfermeiros nos hospitais. E Manuel Pizarro aproveitou a deixa: "Posso dizer aqui que estamos a trabalhar nisso já numa primeira localização que é o Litoral Alentejano (...) e temos alguns equipamentos hospitalares que vamos converter para habitação para os profissionais de saúde".
Ainda assim, o Bloco de Esquerda insiste na falta de condições para os profissionais deste setor, lembrando que as reuniões destes com o Governo não têm tido resultados. "Após 434 dias de negociações com os sindicatos dos médicos, houve zero propostas em cima da mesa apresentadas pelo Ministério", afirma Isabel Pires, num dia em que os principais sindicatos dos médicos reúnem novamente com o Governo e ameaçam partir para novas lutas, se não houver mudanças. "Porque é que o Governo insiste e teima em continuar a tratar mal os profissionais de saúde?", questionou a deputada.
Também a Iniciativa Liberal, que agendou a discussão em Plenário, lembras as constantes demissões de trabalhadores neste setor e fala em totalitarismo por parte do diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Não se percebe quem é o verdadeiro ministro da Saúde, se o doutor Manuel Pizarro, se o professor Fernando Araújo, que tem liderado a direção executiva do SNS em estilo ditatorial durante quase oito meses e sem os seus estatutos aprovados", atirou a deputada Joana Cordeiro.
O ministro responde enumerando o aumento de cirurgias e consultas realizadas no último ano e acusando a Iniciativa Liberal de "preconceito ideológico" contra o SNS. "No SNS não escolhemos a condição social das pessoas para as tratar, não as transferimos para outro hospital quando acaba o cartão do seguro", disse o ministro, acrescentando que "o interesse económico suplanta vezes demais o cuidado dos doentes" nos privados.
Argumentos rejeitados pelo Chega, pela voz de Pedro Frazão, mas apoiados pelo PAN, que frisa que "não podem ser só os ricos" a ter direito à Saúde.
João Dias Coelho, do PSD, lembra, no entanto, na interpelação ao ministro, que até autarcas do PS estão a contestar as opções do governante, mostrando-se "desiludidos". "O socialista Ricardo Leão [presidente da Câmara de Loures] acusou ontem publicamente o ministro da Saúde de não ter cumprido o seu compromisso com os presidentes de câmaras da área Oeste no sentido de reabrir a urgência pediátrica do Hospital Beatriz Ângelo", notou o social-democrata.
Ainda houve tempo para o PSD ouvir críticas do PCP, que o acusou de ter rejeitado o Serviço Nacional de Saúde, mas as grandes críticas do deputado comunista Bruno Dias foram mesmo para Manuel Pizarro, considerando que este está a deixar o SNS refém dos privados. "É que o senhor ministro sabe muito bem que, quanto mais nós compramos ao privado, mais dependentes ficamos", concluiu.