O Governo admite que vai ficar atento ao cumprimento das medidas ambientais das barragens do Alto Tâmega mas o tempo da contestação já passou.
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O secretário de Estado do Ambiente afirmou esta quinta-feira que vai estar atento ao cumprimento das medidas ambientais impostas à construção das barragens do Alto Tâmega e considerou já não ser "o momento propício" para pôr em causa o projeto.
Carlos Martins esteve em Ribeira de Pena, na apresentação pública do Sistema Eletroprodutor do Tâmega, concessionado à espanhola Iberdrola, e que inclui a construção de três barragens em simultâneo: Daivões, Gouvães e Alto Tâmega.
Uma quarta barragem foi reprovada em sede de Estudo de Impacto Ambiental.
"A minha presença aqui é para dar a confiança de que as autoridades do ambiente vão estar muito atentas ao cumprimento daquilo que são as medidas preconizadas pela Declaração de Impacto Ambiental (DIA), porque isso é a garantia de que estão salvaguardados as principais questões ambientais", afirmou o governante.
Desde o início que o projeto tem sido muito contestado por ambientalistas e movimentos cívicos locais.
João Branco, presidente da Quercus, disse à agência Lusa que a associação continuará a contestar "este grave atentado ambiental por todos os meios ao seu alcance".
"A Quercus lamenta que o governo não tenha cumprido a sua promessa de rever o plano nacional de barragens. Lamenta ainda que os partidos de esquerda que sustentam o governo no parlamento tenham metido a contestação às barragens da Iberdrola na gaveta esquecendo as suas promessas eleitorais", acrescentou ainda o ambientalista.
Confrontado com as críticas às barragens, o secretário de Estado frisou que o empreendimento já vai a meio e que "já não é o momento propício para por em causa o seu andamento".
O governante lembrou que, em fase de discussão pública do projeto, houve oportunidade de apresentação contestação ao empreendimento e referiu que agora, neste momento, não lhe "parece que seja relevante estar aqui a discutir detalhes dessa natureza".
Para além do investimento de 1.500 milhões de euros e da criação de cerca de 13.500 postos de trabalho diretos e indiretos, Carlos Martins, sublinhou ainda que o projeto vai ajudar Portugal a cumprir os compromissos assumidos em Paris no sentido de reduzir a sua dependência de combustíveis fosseis.
De acordo com os dados apresentados pela Iberdrola, o Sistema Eletroprodutor do Tâmega "contribuirá para a redução da dependência energética nacional e para a redução das emissões de gases promotores de efeito estufa, que ocorre na produção de energia por queima de recursos fósseis".
Aumentará também, de acordo com a empresa, a "relevância das fontes renováveis e a diversificação das fontes de energia, e com a garantia de abastecimento, evitando a importação de mais de 160.000 toneladas de petróleo por ano e a emissão de mais de 1,2 milhão de toneladas de CO2 por ano".
O empreendimento hidroelétrico começou a ser projetado em 2007 e foi concessionado à Iberdrola em 2009. Segundo a empresa, as barragens do Alto Tâmega deverão estar concluídas em 2023 e o maior volume de trabalhos concentra-se entre os anos 2018 e 2020.
No ano passado, o Governo anunciou que decidiu cancelar a construção das barragens do Alvito e de Girabolhos, suspender por três anos a barragem do Fridão e manter a construção das barragens do Alto Tâmega, após concluir a reavaliação do Programa Nacional de Barragens.