O FMI tem vindo a defender mais cortes nos salários com base em dados que recebeu do Governo e que não confirmou. O Executivo reconhece que os dados estão incompletos.
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou no relatório da sétima avaliação da troika um documento sobre a evolução salarial em Portugal, concluindo que sete por cento dos trabalhadores inscritos na Segurança Social tiveram cortes salariais em 2012.
Tem sido com base nesta informação que o FMI tem defendido mais reduções salariais. Só que esse documento, de acordo com a edição desta quarta-feira do Jornal de Negócios, foi elaborado com base em dados incompletos.
O jornal revela que o Governo terá encurtado a amostra retirada da base de dados da Segurança Social, escondendo mais de 4000 das cerca de 18 mil observações que pretendem retratar a totalidade da economia.
Fonte ligada ao processo diz ao jornal que a grande maioria desses 4000 dados retirados diziam respeito a cortes salariais.
O jornal conclui que se o FMI tivesse usado os dados completos, chegava à conclusão que o número de trabalhadores que tiveram uma redução salarial seria mais elevado.
O Governo reconhece que não facultou todos os dados ao FMI e diz que não se pode comparar os dados de 2012 com os de anos anteriores porque no ano passado, diz fonte do Ministério do Trabalho, esses dados só têm em consideração remunerações base e os de 2011 têm salarios com remunerações extra.
O Governo não explica, no entanto, a razão de ter facultado dados diferentes em cada um dos anos, nem porque é que encurtou a amostra que enviou ao FMI.
O FMI já tem conhecimento do erro mas não pediu explicações ao Governo e limita-se a dizer ao jornal que apenas publicou os dados fornecidos pelo Executivo, sem confirmar, e admite debater o assunto numa próxima avaliação.