O secretário de estado das Finanças considera que a melhoria do rating "é absolutamente decisiva para a perceção que os mercados têm do custo da nossa dívida."
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O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes afirmou este sábado que é absolutamente decisiva para o país a melhoria do rating da república e aplaude nota positiva da agência de notação financeira norte-americana, Moody"s, divulgada na noite de sexta-feira.
A reação à decisão da Moody"s de melhorar de "estável" para "positiva" a perspetiva da notação da dívida soberana portuguesa, mantendo o rating de Portugal em Baa2, surgiu durante a sessão de abertura do Congresso da APROSE, no discurso do secretário de estado das Finanças.
João Nuno Mendes considera que "é absolutamente decisivo para a perceção que os mercados têm do custo da nossa dívida."
Para o governante, Portugal tem conseguido traduzir essa trajetória em melhorias e o facto da Moody"s, uma das principais agências de notação financeira ter mudado a perspetiva sobre a dívida soberana portuguesa, de estável para positivo, significa que na próxima revisão, "somos candidatos a uma subida de rating.
De facto, na melhoria do outlook de Portugal, a Moody"s colocou o nosso país numa espécie de antecâmara de uma subida do rating, considerando que este é o momento das Finanças Públicas e justifica com a redução do défice para 0,4% do PIB em 2022, face aos 5,8% e 2,9% dos anos da pandemia.
O secretário de estado da Finanças, lembra que "isto é um processo que se tem identificado desde 2021, com as diversas agências a aumentar o nosso rating".
João Nuno Mendes considera que é muito importante, que tal aconteça, porque " baixa as taxas de juro da república e baixa a generalidade das taxas de juro que são praticadas na economia, para as famílias e para as empresas."
Considera ainda que melhora aquilo que é o rating dos bancos e melhora a perceção dos investidores da generalidade das empresas portuguesas, provocando uma cascata de evolução positiva na nossa economia.
De facto, a agência sublinhou ainda que perante este cenário de juros altos e incerteza, existe resiliência dos bancos, que revelam níveis significativos de provisões, capitalização robusta e liquidez adequada.
A Moody"s justificou a sua nota positiva a Portugal com as perspetivas de um crescimento de médio prazo mais robusto. Estimando que o PIB cresça cerca de 2% em média, nos próximos cinco anos, ou seja, superior à sua própria projeção anterior que apontava para 1,5-1,8%.
O governo parece olhar assim com algum otimismo para o futuro, a julgar pela reação de João Nuno Mendes, que questionado pela TSF, considera que "foi uma notícia extraordinariamente positiva", insistindo que "as decisões que estas agências tomam, são fundamentais para o perfil de evolução da taxa de juro de referência da economia portuguesa."
João Nuno Mendes julga que tal decisão, "é um prémio ao desempenho da economia portuguesa e também ao desendividamento que temos vindo a conseguir coletivamente no nosso país e que faz com que este ano Portugal possa ter uma dívida, não apenas mais baixa do que a Itália e a Grécia, mas também mais baixa do que a França, a Espanha e em 2024 eventualmente estar mais baixa do que a Bélgica, mas temos que ter em consideração que face ao número de países da União europeia ainda temos uma posição de endividamento relativamente elevada."
Tudo isto, segundo o governante, somado ao facto, do pais ter o objetivo de atingir um nível de endividamento da zona euro, que anda na casa dos 90% até 2027 e por isso, julga que existe uma compensação da Moodys à trajetória que o governo tem vindo a fazer e que isso é algo que se traduz numa evolução mais favorável das taxas de juro.
O secretário de estado das Finanças constata que é uma evidência que as taxas de juro têm estado a subir, mas adianta que "na verdade nós hoje temos sensivelmente 0,3%, ou seja, 30 pontos-base, abaixo, daquilo que são os juros que a economia espanhola paga, que é uma economia de grande dimensão, e isso é um incentivo para o nosso trabalho. Mesmo, relativamente à própria dívida europeia e ao seu custo, ainda no início desta semana, tínhamos um diferencial de 0.1, ou 0.2%, o que mostra que este esforço está a ser reconhecido."
Considerada uma das agências mais duras na avaliação às dívidas soberanas, a Moody"s espera do executivo português no futuro, políticas orçamentais prudentes, bem como, a retirada de incentivos, como as politicas relacionadas com a energia, até ao próximo ano.
A agência norte-americana considera ainda que o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência vai ter um efeito positivo no tecido económico nacional, dando o exemplo do dinamismo do turismo.
Para este ano, aponta como estimativa de crescimento da economia portuguesa na ordem dos 2,2%, ou seja, mais forte do que na zona euro, que ronda os 0,8%.
Já para 2024, calcula que o crescimento em Portugal se situe nos 2% por causa da inflação elevada e juros mais altos que deverão desacelerar significativamente a procura doméstica.
Antes do comunicado emitido esta sexta-feira à noite, a Moody"s reviu pela última vez, em alta, a notação da dívida soberana portuguesa para "Baa2", com perspetiva estável, a 17 de setembro de 2021.