Governo "de boa-fé" nas negociações. PS pede que não se olhe para os professores "como o inimigo"
O ministro João Costa apela a que se "recupere a serenidade" nas neogiciações.
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De "boa-fé" e com vontade de diálogo, o Governo continua a negociar com os professores, e o ministro João Costa apela a que se "recupere a serenidade" para evitar que os alunos "sejam prejudicados nas aprendizagens".
O ministro da Educação e o secretário de Estado deram a cara no Parlamento, no debate de urgência pedido pelo Chega, e reafirmaram a vontade de terminar "com o casa às costas dos professores", uma das medidas do programa do Governo socialista.
"O Governo está a resolver problemas antigos dos professores, em boa fé negocial, integrando sugestões e propostas já recebidas nas reuniões anteriores. Ouvindo a voz e as propostas dos professores, num movimento de aproximação", sustentou.
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João Costa destaca que, ao fim de dois anos de pandemia, os estudantes "são os mais prejudicados", apelando a que se "recupere a serenidade" e "se continue a negociar".
"Temos de garantir que, após dois anos de pandemia, as escolas funcionam com normalidade para que não tenhamos um terceiro ano letivo com perdas nas aprendizagens", acrescentou.
Apesar de a maioria absoluta suportar o Governo, o deputado socialista Tiago Estêvão Martins não deixou, no entanto, de deixar uma mensagem ao Governo: "Os professores não são o inimigo".
"É preciso que fique claro neste debate. Em momento algum podemos, enquanto sociedade, que se crie a imagem de que os professores que se manifestam são o inimigo. É fundamental que coletivamente consigamos que este momento não se traduza num divórcio entre opinião pública e a classe docente", avisou.
Palavras que levaram a social-democrata Sónia Ramos a notar que "o PS e o Governo estão de costas voltadas": "A intervenção do PS confirmou o que todos nós já suspeitávamos".
O debate de urgência foi pedido pelo Chega, por isso, André Ventura foi o primeiro a subir ao púlpito para criticar a postura negocial do Governo socialista. De mira apontada ao ministro João Costa, André Ventura não se esqueceu de Fernando Medina.
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"Não está a negociar, está a fingir que negoceia com os sindicatos e com os professores. Põe linhas vermelhas antes de entrar nas salas de negociação. Diz o que vai fazer, mas sabe que é Fernando Medina que manda em tudo. O senhor não é o ministro da Educação, é um servente do ministro das Finanças neste Governo", atirou.
E, pelo Bloco de Esquerda, Joana Mortágua lamenta que o Governo "faça menos do que promete", criticando até o primeiro-ministro por afirmar que a função do Executivo "não é colocar um ponto final nas greves".
"O Governo esticou a corda. Esticou a corda tanto que a rompeu. E quando rompeu, milhares de professores saíram à rua a dizer que não se conformam e não se calarão", referiu.
Nos próximos dias, a negociação entre o Governo e os sindicatos vai continuar. A oposição pede, desde já, a recuperação do tempo em que as carreiras estiveram congeladas.