O Governo admite que a operação de resposta à greve dos motoristas envolveu, até ao momento, mais de uma centena de elementos das forças de segurança. O Executivo desconhece, no entanto, a existência de esquadras encerradas.
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O ministro do Ambiente afirmou desconhecer qualquer fecho de esquadras da Polícia de Segurança Pública (PSP) por falta de efetivos relacionado com o desvio de forças de segurança para conduzir camiões de combustível no âmbito da greve de motoristas.
A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) denunciou, esta quinta-feira, que várias esquadras da PSP estão a ser encerradas para que os agentes possam fazer o trabalho dos motoristas em greve.
"Algumas esquadras, em alguns períodos do dia, encerram por falta de efetivos", adiantou à TSF Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia. "Está a acontecer na zona Sul, mas também na zona Norte."
"O efetivo está tão reduzido, tão limitado, que qualquer evento" que vá além da atividade diária regular "obriga a um esforço considerável", explicou o presidente da associação sindical dos polícias.
No entanto, o ministro do Ambiente garantiu não ter nenhuns dados sobre casos de esquadras fechadas.
"Não tenho nenhuma informação de que seja verdade", disse João Pedro Matos Fernandes, numa conferência de imprensa, realizada esta quinta-feira na sede da Entidade Nacional para o Setor Energético, em Lisboa.
A PSP "não esteve sequer a realizar transporte na manhã de hoje", disse o ministro, admitindo que, "obviamente, a PSP está a acompanhar aquilo que é a necessidade de segurança, particularmente perto das refinarias".
O ministro lembrou ainda que "os efetivos que existem no país têm de ser distribuídos de acordo com as necessidades e esta é uma necessidade evidente".
De acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI), a GNR e a PSP asseguraram, entre segunda e quarta-feira, o transporte de combustível em 84 camiões-cisterna no âmbito da situação de alerta declarada pelo Governo devido à greve dos motoristas de matérias perigosas.
A operação envolveu até ao momento 106 elementos das forças de segurança, segundo o Executivo.
A situação de alerta - declarada na sequência da situação de crise energética - está em vigor entre as 23h59 do dia 9 de agosto e prolonga-se até às 23h59 de 21 de agosto.
Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumprem esta quinta-feira o quarto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil parcial na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
Portugal está em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.