O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e o Governo continuam em desacordo quanto às novas regras para o recrutamento de dirigentes superiores.
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«É uma proposta que não merece o nosso acordo em relação a alguns pontos fundamentais», disse o presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Bettencourt Picanço, à saída da segunda ronda negocial com o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino.
Entre estes inclui-se a possibilidade dos governantes poderem "chumbar" os candidatos propostos pela comissão de recrutamento e a criação de duas comissões para acompanhar o processo, já que o STE entende que uma seria suficiente.
O dirigente sindical adiantou que «não vale a pena continuar a ter reuniões», pois «o Governo já disse de caras o que não aceitava», e espera que a Assembleia da República mostre «receptividade» para alterar os pontos da discórdia.
«Solicitaremos uma audiência aos grupos parlamentares após a aprovação final deste projecto de proposta e após a sua apresentação na Assembleia da República», afirmou Bettencourt Picanço aos jornalistas, acrescentando que lhe foi transmitido que «o Governo tem urgência» e deverá levar uma nova redacção do documento ao próximo Conselho de Ministros.
Hélder Rosalino não confirmou a data para aprovação do documento, pois os sindicatos «poderão pedir negociações suplementares», mas admitiu que deve acontecer em breve.
O secretário de Estado defende a proposta do Governo, salientando que «se trata de uma alteração muito significativa e radical relativamente ao modelo de nomeação de dirigentes superiores», já que se pretende fazer evoluir um sistema de escolha direita de um membro do Executivo para um sistema de concurso.
Hélder Rosalino rejeitou as críticas do STE relativamente ao poder de veto dos governantes sobre os candidatos, sublinhando que o processo será «transparente» e que não faria sentido que os membros do Governo não interviessem no concurso.
«Não seria possível desenvolver um processo de recrutamento para cargos de alta direção na administração pública em que não houvesse um qualquer tipo de participação de membros do Governo», declarou.