O Presidente da República falou, pela primeira vez, sobre o acordo europeu com a Grécia. Cavaco Silva não estranha o acordo fora de horas e criticou a realização do referendo.
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O Presidente da República, Cavaco Silva, considerou esta terça-feira que a situação da Grécia "é um bom exemplo de como erros cometidos por um Governo numa negociação externa podem conduzir a sacrifícios muito grandes para as populações".
Na Póvoa de Varzim, no final de uma jornada dedicada à Fileira da Pesca, Cavaco Silva foi questionado sobre o acordo alcançado entre a Grécia e as instituições internacionais, garantindo que sempre esteve "convencido que na 25.ª hora seria encontrada uma solução" já que tem "uma certa tendência para olhar com muito menos excitação para estas crises da União Europeia do que os analistas".
"Este é um bom exemplo de como erros cometidos por um Governo numa negociação externa podem conduzir a sacrifícios muito grandes para as populações", disse, antecipando que "fará parte no futuro dos exemplos dos livros da economia política das crises como um erro estratégico de negociação".
"Mas esperemos que as autoridades gregas acabem por aprovar as medidas que foram impostas, para serem aprovadas num período demasiado curto. Seria algo impossível em Portugal aprovar medidas tão complicadas, tão difíceis, tão exigentes num espaço de 48 horas", enfatizou.
Interrogado sobre se este acordo não seria uma humilhação para a Grécia, o chefe de Estado disse não querer utilizar essa palavra, mas sim "a palavra que todos referiram que foi desconfiança".
"A realização do referendo levou a que todos os outros Estados-membros passassem a desconfiar dos líderes políticos gregos pelo facto de não terem sido informados previamente e pelo facto de terem abandonado uma negociação que estava ainda a decorrer", destacou.
Cavaco Silva insistiu na ideia de que sempre esteve convencido que "na 25.ª hora seria encontrada uma solução que garantisse a defesa da União Europeia, do projeto da moeda única e que garantisse a sua estabilidade", recordando que participou em 29 Conselhos Europeus.