Governo não quer "voltar a confinar atividades económicas" nem repetir restrições
Primeiro-ministro está a receber os partidos para discutir os próximos passos no combate à pandemia. Exigência de teste negativo além da vacina pode vir a ser uma realidade em Portugal.
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O líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, revelou-se esta terça-feira agradado porque o Governo não tem "intenção de voltar a confinar as atividades económicas e proceder a restrições idênticas às que já tivemos no passado".
Cotrim Figueiredo revelou também que a "autoavaliação de risco" pessoal vai ganhar dimensão e um papel "bastante mais importante", devolvendo "responsabilidade às pessoas" para que possam avaliar as circunstâncias pessoais e profissionais, e os comportamentos a adotar. Para isso, a exigência de um teste negativo à Covid pode vir a ser exigida em conjunto com a apresentação do certificado de vacinação.
A IL discorda, no entanto, da avaliação do executivo de que é "uma possibilidade exigir certificados ou testes para determinadas atividades" sem que os promotores o decidam. "Isso não faz sentido", defende Cotrim Figueiredo, que prefere que as pessoas possam ter "noção e informação correta" das condições de cada evento.
Sobre a informação e comunicação em torno da pandemia, o líder dos liberais realça que é preciso "continuar a ter noção de que a vacina é eficaz, sobretudo no que respeita e evitar internamentos e consequências graves da doença", mas sublinha que a importância da ventilação, um tema que diz ter sido "pouco falado até aqui".
Matriz "está desatualizada"
A matriz de risco "está desatualizada" nalguns dos seus pontos essenciais, um deles "o ponto de rutura" do Serviço Nacional de Saúde.
"Um ano depois, o que se pode dizer é que a época sazonal das doenças respiratórias não foi suficientemente acautelada", alerta o líder da IL, que aponta que um país que "chegou a ter, em fevereiro do ano passado, 1400 camas disponíveis em Cuidados Intensivos, hoje tem apenas 900". O SNS "não se preparou", pelo que o país está "a correr atrás do prejuízo mais uma vez".
Teste e vacina podem ser obrigatórios em conjunto
Questionado sobre a possibilidade de exigência de testes - além do certificado de vacinação - para acesso a eventos, Cotrim Figueiredo critica a possibilidade por "desvalorizar o papel do certificado, que existe para todos os que já se vacinaram, 80 e muitos por cento da população".
"Ao exigir testes para determinados eventos, como o caso da restauração, ou de eventos culturais ou religiosos, estamos novamente a dizer que aquilo que estava nos certificados, a cobertura e proteção vacinal, não são suficientes. Essa mensagem é errada", argumenta.
Sobre a adoção de medidas mais rigorosas para o período do Natal, Cotrim Figueiredo revelou que, por não haver um Parlamento em plenitude de funções depois da dissolução, "as decisões que se tomarem agora e o enquadramento dessas decisões terão de ser os mesmos até voltar a haver Parlamento", algo que só acontecerá na segunda metade de fevereiro.
O primeiro-ministro, António Costa, recebe ao longo do dia os partidos para discutir as próximas medidas a tomar no combate à Covid-19.