O Governo está disponível para ouvir «propostas alternativas» à aplicação da meia hora extra no horário de trabalho diário, mas os sindicatos mostram-se inflexíveis.
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Os parceiros sociais marcaram para o próximo mês uma nova reunião da concertação à espera de nessa altura conseguirem um acordo.
As centrais sindicais são inflexíveis, no tempo de trabalho não se pode mexer.
«É que não há um minuto sequer da CGTP para negociar o aumento do tempo de trabalho», afirmou Arménio Carlos, desta central sindical, salientando que ninguém pode nos tempos actuais aceitar «trabalho escravo», trabalhando mais sem receber.
Já João Proença, da UGT, diz que estas medidas propostas pelo Governo beneficiam alguns sectores: «O aumento do tempo de trabalho tem beneficiários e nomes, nomeadamente as grandes superfícieis que como não vão alargar o horário de abertura traduz-se em despedimentos, nomeadamente as grandes empresas têxteis que trabalham com três turnos e portanto vão ter a abertura de trabalhar ao sábado à sua livre disposição».
O ministro da Economia diz que se mostra aberto a ouvir. No final de mais uma reunião entre Governo e parceiros sociais, que começou às 10:00 da manhã e que durou mais de três horas, Álvaro Santos Pereira afirmou que «o Governo disse aos parceiros sociais que se existirem alternativas está disposto a ouvir essas alternativas», mas sem adiantar mais detalhes.
Em cima da mesa estiveram esta manhã a questão da competitividade e do emprego, que pressupõe, de acordo com a proposta do Executivo, o aumento do horário de trabalho em meia hora por dia e a supressão de, pelo menos, quatro feriados.
Apesar de o encontro ter terminado sem consenso e com grande contestação manifestada pela UGT e CGTP, Santos Pereira reforçou que o Executivo «continua empenhado no diálogo social», algo «muito importante no momento de emergência nacional» em que o país se encontra.