"Governo só não teve tempo para valorizar trabalhadores." Frente Comum pede "bom senso" ao Executivo
No Fórum TSF, a Frente Comum pede ao Governo que aceite negociar com os sindicatos e, por sua vez, a Fenprof avisa que tem já data prevista para greve, caso não haja acordo na próxima reunião
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A greve nacional da Administração Pública desta sexta-feira é a primeira paralisação que acontece desde que o novo Governo tomou posse. Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, referiu no Fórum TSF que não é cedo demais para lutar por melhores condições laborais: "Nestes 44 dias o Governo só não teve tempo ainda para valorizar quem trabalha, mesmo nas negociações que estão em curso."
"Ontem [quinta-feira] ficámos a conhecer os lucros dos bancos em Portugal de 15 milhões de euros por dia e para taxar isso não há qualquer desenvolvimento. E para continuar a manter os trabalhadores da Administração Pública a empobrecer, pelos vistos, também é uma realidade que não se quer alterar", salientou ainda.
O coordenador da Frente Comum dá como certo o regresso à luta se o Governo não negociar e não mostrar "bom senso".
"Deixe-me dar-lhe um exemplo concreto. Nós andamos a discutir agora se há excedente ou se não há excedente e a ligar isso à possibilidade (ou não) de aumentos de salários. O excedente era de mil e tal milhões de euros, que, pelos vistos, já não é excedente, é défice. O Orçamento do Estado em vigor tem uma rúbrica que se chama aquisição de serviços, onde estão adjudicados 19 mil milhões de euros. Eu não me enganei, são 19 mil milhões de euros. Isto é dinheiro que sai dos cofres do Estado, que é dinheiro de impostos de toda a gente que trabalha em Portugal, que devia ser investido em serviços públicos, na sua melhoria, e isso passa também pela valorização de quem trabalha nos serviços públicos, e não é feito", acrescentou.
A greve de 24 horas na Administração Pública está a ter uma "adesão estrondosa" nas escolas por todo o país, como noticiou a TSF esta manhã. Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), avisou que "se os compromissos verbalizados pelo ministro [Fernando Alexandre] não passarem para o papel" na próxima reunião, marcada para 21de maio, o sindicato parte para uma greve de docentes a 29 deste mês.
No caso da Federação Nacional da Educação (FNE), o secretário-geral Pedro Barreiros assegurou também no Fórum TSF que a FNE está pronta para assinar um acordo com o Governo se as exigências forem aceites.
"Aquilo que nós, neste momento, estamos a tentar ultimar é a garantia da recuperação total dos dias do tempo de serviço congelado, é o garantir que todos os professores, independentemente do tempo que tiveram congelado, possam usufruir das percentagens da recuperação, é o garantir que num ano os professores poderão recuperar 50% do tempo de serviço congelado, é a garantia, caso a nossa proposta seja acolhida, que em dois anos e 11 meses serão recuperados os seis anos, seis meses e 23 dias", especificou.
