Governo suspende negociações com sapadores-bombeiros após protesto em Lisboa. Fesap não descarta greve
O secretário-geral da Fesap aponta na TSF que, "em relação à proposta, o Governo tem-se vindo a aproximar, mas não se aproximou o bastante"
Corpo do artigo
O Governo suspendeu esta terça-feira as negociações com os sindicatos dos sapadores-bombeiros, sem que até ao momento tenha sido apontada uma data para retomar as discussões. Pelo menos três centenas de profissionais juntaram-se esta terça-feira em Lisboa, junto à sede do Governo, para contestar, ao som de gritos e petardos, o que classificam como "falta de respeito" pela classe.
Não foi avançada, para já, qualquer explicação para a decisão do Governo liderado por Luís Montenegro.
O secretário-geral da Fesap, José Abraão, admite na TSF uma aproximação na proposta apresentada esta terça-feira, mas sublinha que "não foi o bastante" para que se pudessem concluir as negociações.
Os profissionais exigem a 14.º posição na tabela remuneratória, assim como a melhoria do suplemento de risco.
A proposta do Executivo, apesar de prever uma melhoria no que diz respeito à tabela remuneratória, prevê a criação de uma nova carreira para recém-licenciados, no entanto, os sindicatos querem manter os sete cargos que existem na profissão, melhorando as suas condições.
"Em relação à proposta, o Governo tem-se vindo a aproximar, mas não se aproximou o bastante", reforça.
Sobre a suspensão da discussão, José Abraão diz não "compreender a razão", mas garante que os sindicatos estão "sempre disponíveis para estar à mesa das negociações", até porque "é lá que se resolvem os problemas".
Questionado ainda pela TSF sobre se a suspensão das negociações pode motivar uma greve no setor, o sindicalista confessa: "Está tudo em aberto se o Governo não voltar à mesa das negociações."
José Abraão, no entanto, espera que "o processo continue" e que o Governo apresente "uma proposta ainda mais próxima" às reivindicações destes profissionais.
A reunião agendada para esta terça-feira também já tinha sido suspensa pelo Executivo, por considerar não estarem reunidas condições de segurança devido à manifestação em curso no exterior.
"O Governo disse-nos que, depois de alguma movimentação na sala por parte do secretário de Estado, iria suspender a reunião e, por isso, ficamos à espera mais uma hora, na expectativa de que pudesse continuar. Disseram-nos que não estavam criadas condições por razões de segurança, mas nós estávamos lá dentro a negociar", explica o secretário-geral da Fesap.
"O Governo suspende de imediato reunião negocial com representantes dos sapadores, por não aceitar negociar perante formas não ordeiras de manifestação”, afirmou fonte do Governo numa nota enviada à Lusa.
“Não estão em causa, até ao momento, as condições de segurança. As negociações poderão ser retomadas se e quando forem assegurados o respeito pelo diálogo e tranquilidade no exercício do direito de manifestação", afirma a fonte do Governo.
Em redor do edifício Campus XXI, onde se encontra a sede do Governo, estava desde as 08h00 um forte dispositivo das autoridades, incluindo várias carrinhas da Unidade Especial de Polícia.
Já na Avenida João XXI, os bombeiros correram de forma desordenada e pararam junto ao edifício gritando “sapadores” e “exigimos respeito”.
"O Governo e os políticos estão a faltar à palavra dada nas negociações", afirmou Ricardo Ribeiro, dos Sapadores de Lisboa.
O grupo foi encaminhado para as traseiras do Campus XXI, onde houve nova concentração, com vários petardos lançados contra as portas fechadas do edifício.
Na manifestação, sempre com a palavra de ordem #sapadores em luta, podiam ver-se várias faixas com frases como "Enquanto salvamos vidas o Governo brinca com as nossas” ou “Somos heróis do povo esquecidos pelo Governo”.
Notícia atualizada às 14h03
