Governo "tem condições para levar barco a bom porto". Fundador socialista vê Costa como "bom governante"
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A tarde de 19 de abril de 1973 foi "muito emocionante", mas Alberto Arons de Carvalho admite que, aos 23 anos, "não teve ideia da importância" da fundação do Partido Socialista, pela mão de 27 militantes. Mário Soares era "o mais otimista", e mostrava-se convicto de que o regime de Salazar estava a chegar ao fim.
No dia em que o partido que ajudou a fundar completa 50 anos, Alberto Arons de Carvalho reconhece, em entrevista à TSF, que "não tinha noção da importância que o PS teria para o país e para a democracia portuguesa".
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Cinquenta anos depois, o partido celebra o aniversário em plena maioria absoluta, com António Costa ao leme e num clima de pressão política. Arons de Carvalho assume que algumas polémicas que envolvem o Governo são motivo de preocupação, desde logo, "os erros cometidos por governantes", mas faz questão de recordar que António Costa e os seus ministros já passaram pela pandemia e enfrentam agora os estilhaços da guerra na Ucrânia.
O socialista rejeita, igualmente, que os putativos candidatos à sucessão de António Costa estejam a atrapalhar a governação socialista. Fernando Medina é ministro das Finanças e Pedro Nuno Santos deixou a pasta das Infraestruturas, mas tem estado no centro da discussão com a polémica na TAP.
"A questão crucial é a governação. As eleições são daqui a três anos e, portanto, é preciso resolver os problemas do país e remar contra a maré", acentua.
Além disso, o destaque vai para António Costa que, com políticas de contas certas, tem permitido que "Portugal cresça acima da média europeia e com uma recuperação da dívida pública muito interessante".
"Há questões a corrigir e desafios novos, mas continuo convencido que António Costa e a sua equipa mais próxima têm condições para levar o barco a bom porto", insiste.
Para Arons de Carvalho, o atual primeiro-ministro "vai ser recordado como um bom governante". Até porque, no futuro, "não ligaremos aos pequenos episódios, mas às grandes questões económicas e à capacidade de resolver os problemas".
Arons de Carvalho: deputado e primeiro líder da JS
Um ano depois da fundação do PS, a 25 de abril de 1974, caía a ditadura em Portugal, e os socialistas foram os mais votados para a Assembleia Constituinte, em 1975, nas eleições mais participadas de sempre.
Logo depois do 25 de Abril, após dois encontros, nasceu a Juventude Socialista e Alberto Arons de Carvalho foi o primeiro líder, até porque já tinha alguma atividade junto dos jovens universitários.
"Na altura chamava-se secretário-coordenador. A JS foi criada dias depois do 25 de Abril, transformou-se os Jovens Socialistas em Juventude Socialista. Foi no mesmo local onde houve reunião preparatório do congresso, na Cooperativa de Estudos e Documentação, na Avenida Duque de Ávila. Haia uma atividade legal durante o dia e à noite os militantes reuniam-se em caráter sigiloso", descreve.
Alberto Arons de Carvalho foi deputado à Assembleia Constituinte e deu voz ao PS, como parlamentar, durante nove legislaturas. Foi também secretário de Estado da Comunicação Social nos governos de António Guterres.
