Grupo de trabalho do Instituto de Telecomunicações analisou o SIRESP e fez perto de meia centena de recomendações para solucionar os problemas encontrados.
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Depois de ter pago 7 milhões de euros pela compra do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), o Estado português vai ter ainda de gastar entre 20 a 25 milhões de euros para garantir que a rede é mais segura, mais moderna e menos dependente de empresas privadas.
A recomendação é feita pelo grupo de trabalho do Instituto de Telecomunicações, que, a pedido do Governo, analisou o estado da rede, encontrando vários problemas.
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De acordo com o relatório dos técnicos do Instituto de Telecomunicações, a que o jornal Público teve acesso , a rede SIRESP é vulnerável e não permite atualizações tecnológicas significativas,
A avaliação conclui também que a segurança do SIRESP não cumpre os requisitos internacionais e que o funcionamento do sistema mantém-se dependente da Altice e da Motorola, que continuam a ser os fornecedores da estrutura, pelo menos até junho de 2021.
A principal sugestão feita ao Estado passa por uma alteração da estrutura do SIRESP, que pode custar cerca de 10 milhões de euros, de maneira a que a rede se torne mais moderna e flexível e que se possa adaptar às constantes evoluções tecnológicas.
Até que esta mudança seja feita, o Governo deve manter o atual sistema, mas para que o mesmo funcione em condições, será necessário um investimento que pode chegar aos 25 milhões de euros.
É que, apesar de, no negócio feito com a Altice e a Motorola, o Estado ter ficado com os ativos da empresa - entre eles as antenas de satélite compradas para existir uma rede de redundância - a solução continua a ser dispendiosa. A dependência destas empresas de telecomunicações privadas é, na realidade, apontada como um dos principais problemas da atual rede.
Os técnicos do Instituto de Telecomunicações propõem que depois de 2021, ano em que termina os contratos com as tecnológicas privadas, o Governo passe a usar as infraestruturas de empresas públicas, como a IP Telecom, para um uso eficiente dos bens públicos e para a redução da dependência do Estado dos interesses de privados.
Governo desvaloriza valor do investimento necessário
O secretário de Estado da Proteção Civil afirma que o investimento em causa "fará todo o sentido". Em declarações à TSF, José Artur Neves considerou que a quantia em causa é "um pequeno investimento, comparando com o grande investimento que a rede SIRESP teve no início da atual concessão".
"Com este pequeno investimento, a rede ficará em condições de fazer a evolução tecnológica que se espera à escala das redes de emergência que existem na Europa", garantiu o secretário de Estado.
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José Artur Neves, considera, no entanto, que, atualmente, a rede SIRESP já "está robusta" e "em condições de servir as mais de 550 entidades que hoje usam a rede emergência".
"As irregularidades que existiam, que foram detetadas ao longo da vida útil do atual SIRESP, foram resolvidas em 2018, ao ponto de não termos registo de qualquer falha no sistema durante todo o ano", sublinhou o secretário de Estado, manifestando a esperança de que não torne a haver mais mais falhas até ao final do contrato, em 2021.
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