O líder do PS disse que o director do CCB deve ser desautorizado, depois de ter dado indicações para não se aplicar na instituição o novo Acordo Ortográfico.
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António José Seguro confrontou o primeiro-ministro com a ordem do director do Centro Cultural de Belém (CCB), noticiada esta sexta-feira pelo jornal Público, sublinhando que Passos Coelho tem a tutela da Cultura e que a aplicação do Acordo Ortográfico é uma obrigação legal.
«Ou o senhor primeiro-ministro desautoriza o doutor Graça Moura ou foi desautorizado pelo diretor do CCB», declarou o líder do PS, no debate quinzenal com o Governo no Parlamento.
O primeiro-ministro disse que tinha lido que Graça Moura «tinha decidido pedir para não lhe colocarem no seu computador o corrector ortográfico porque parece que gosta mais de escrever de acordo com a antiga ortografia».
«Queria dizer-lhe que o Governo não tem nenhum esclarecimento a acrescentar sobre esta matéria. O Acordo Ortográfico entrou em vigor a 1 de janeiro deste ano, assim o confirmam os manuais escolares, assim como todos os atos oficiais, e ele será cumprido», afirmou.
O chefe do Governo tinha-se referido ao recém-nomeado diretor do CCB como «uma das personalidades mais marcantes da cultura portuguesa», que «não apenas foi Prémio Pessoa, como foi prémio Dante, é dos escritores portugueses mais apreciados», uma «personalidade adequada para o exercício daquelas funções».
Seguro referiu que não tinha aludido nem à competência nem à qualidade de Graça Moura, mas sublinhou que «não está acima da lei, nem está acima das orientações de qualquer Governo».
«E ao contrário do que o senhor primeiro-ministro aqui referiu, o doutor Vasco Graça Moura, segundo o Público, não mandou desinstalar do seu computador, mas retirou todas as ferramentas de todos os computadores de todos os que trabalham no CCB», argumentou.
«O que esta aqui em causa é uma orientação contrária àquilo que está a ser aplicado pelo Estado português», afirmou.