De pai para filhos passou o legado de um restaurante de Leça da Palmeira, que começou por ter sucesso há mais de quatro décadas, mudou várias vezes de local, mas hoje continua a afirmar-se pela cozinha tradicional.
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Fora dos circuitos mais turísticos e longe dos sítios da moda, há restaurantes onde prevalece uma culinária que realça a qualidade dos produtos e respeita a tradição.
Muitas vezes, o saber fazer bem e simples transita de geração para geração. O restaurante Grade, em Leça da Palmeira, é um exemplo desse passar de testemunho, iniciado no ano da revolução abrilista na Casa Alves. As lulas à setubalense e carne de porco com amêijoas tornaram-se referência. Mais tarde, no restaurante Alves, a dois passos da praia leceira, os filetes de pescada com salada russa e o arroz de marisco subiram ao topo das preferências.
No alvorecer dos anos 80 do século passado, António Alves abriu o restaurante Grade, ainda e sempre em Leça da Palmeira, onde a falta de água era, à época, recorrente. Para obstar a tal, mandou construir uma cisterna para armazenar o precioso líquido.
Nos tempos que correm e com a segunda geração da família ao leme da casa, o restaurante foi alvo de obras de modernização, que reaproveitaram a velha cisterna: foi transformada em cave onde repousam muitos dos bons vinhos da vasta garrafeira da casa, aliás elemento preponderante da bem conseguida decoração.
A lista estende-se por vários capítulos, um deles que faz, precisamente, jus à tradição.
Dele constam os históricos filetes de pescada com salada russa ou com molho de marisco; as lulas à setubalense e o arroz de marisco.
Mas, há mais propostas: açorda de camarão e coentros; espetada de luas e gambas; pescada da linha cozida ou grelhada; garoupa à posta grelhada com açorda de coentros; massada ou cataplana de garoupa para duas pessoas.
O polvo não podia faltar -- em filetes com arroz; à lagareiro ou assado no forno e o bacalhau muito menos. O gadídeo é proposto em quatro declinações: à casa, frito e com cebolada; à lagareiro; à Zé do Pipo e assado com broa.
Nos pratos de carne, destacam-se o bife à Grade, da vazia e grelhado; rosbife à inglesa; entrecôte de boi e bife de lombo no tacho.
Nas sugestões do dia da visita, insinuavam-se as tradicionais amêijoas à Bulhão Pato; maionese de pescada com camarão; carne de porco à alentejana; rosbife à inglesa; bochechas de porco estufadas em vinho tinto; arroz de pato à antiga e de tamboril e gambas.
A escolha recaiu no bacalhau à Brás. Incluído no mais acessível menu do dia, justificou a opção feita.
Nas sobremesas, leite-creme e aletria são o expoente da tradição entre opções que não fogem à vulgaridade.
Garrafeira de nível acima da média, vasta e diversificada, com vinho a copo. Serviço eficiente.
Restaurante Grade, em Leça da Palmeira.
Onde fica:
Localização: R. Brito Pais 217, 4450-337 Leça da Palmeira
Telef.: 22 995 57 61