"Grande problema ainda vem aí." Doentes crónicos só agora estão a chegar às urgências
Bastonário da Ordem dos Médicos alerta que ainda há muito trabalho de recuperação pós-pandémica por fazer no SNS, apesar de este já ter recuperado para níveis de atividade de 2019.
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O aviso chega diretamente da comissão parlamentar de Saúde e pela voz do bastonário da Ordem dos Médicos: o pior ainda está para vir. Porquê? Porque os doentes crónicos estão agora a chegar às urgências "com descompensações" e alguns até ainda sem diagnóstico.
Miguel Guimarães explica que, no período de pandemia da Covid-19, os doentes tiveram medo de ir às urgências e muitos serviços não funcionaram como deviam, algo que acabou por levar, em 2020, a um aumento "natural da mortalidade e do agravamento de doenças".
Só que "o grande problema ainda vem aí", alerta, referindo-se às "doenças crónicas descompensadas" na pandemia, por "incapacidade dos governos em dar uma resposta simultânea" à Covid-19 e aos serviços normais.
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Garantir essa resposta ambivalente "acabou por não ser possível", lamenta Miguel Guimarães, citando também os dados do portal da transparência do Serviço Nacional de Saúde, que indicam que apesar das atividades estarem a níveis de 2019, ainda há muito trabalho por recuperar.
Juntando os dados de 2021, "ainda temos cerca de 500 mil primeiras consultas por recuperar a nível de cuidados hospitalares, 116 mil cirurgias e cirurgias urgentes por recuperar, uns milhões de exames complementares de diagnóstico e terapêutica, temos cerca 1,4 milhões de portugueses sem médico de família e menos cerca de 100 mil doentes inscritos em cirurgia".
Apesar da recuperação já registada em 2022, o bastonário assinala os "muitos números que ficaram por recuperar", em especial porque os doentes com "doenças crónicas como a diabetes, a insuficiência cardíaca e hipertensão arterial começam a aparecer nos serviços de urgência com descompensações destas doenças e eventualmente ainda sem diagnóstico primário".