Escola tem três assistentes operacionais para 176 alunos, três deles com necessidades educativas especiais.
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A EB1 da Vilarinha, no Porto, esteve esta segunda-feira encerrada devido à greve dos assistentes operacionais das escolas, que decorre hoje e amanhã. A escola tem 176 alunos e três assistentes operacionais.
Orlando Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Norte, sublinha que as contas são fáceis de fazer para perceber que os funcionários não chegam.
"Temos 176 alunos nesta escola, três dos quais com necessidades educativas especiais. Uma delas é autista, o que exige um acompanhamento ainda maior e mais permanente", faz notar.
Os trabalhadores queixam-se da carga de trabalho "muito grande", à qual se junta a "falta de segurança" vivida pelos alunos na escola.
Concentradas junto à entrada da escola, as três assistentes operacionais optaram por não prestar declarações aos jornalistas, mas o dirigente daquele sindicato que convocou a greve considerou que estas trabalhadoras "têm uma carga de trabalho muito grande, o que põe até em causa a segurança dos alunos".
"Porque com três para 176 [alunos] não é possível desempenhar um bom trabalho, se houver alguma criança que tenha de ir ao hospital ou uma situação de baixa, por exemplo, só ficam duas funcionárias", frisou.
Segundo o sindicato, as três assistentes operacionais da Vilarinha têm de fazer o acompanhamento de todas as crianças, nomeadamente das que têm necessidades especiais de educação.
"Por exemplo, uma destas trabalhadoras, três tardes por semana, e sempre que há saídas para o exterior, acompanha uma aluna com autismo, as três têm de limpar oito salas de aula, sala de professores, dois gabinetes de apoio, biblioteca, polivalente e sete casas de banho, dão apoio na refeição, entregam as crianças aos pais e fazem vigilância dos recreios", referiu.
De acordo com o sindicato, já depois da emissão do pré-aviso de greve, a Junta de Freguesia colocou uma pessoa, durante duas horas, no final das aulas, para entregar as crianças aos pais.
"As assistentes operacionais estão exaustas e com muito receio de física e psicologicamente não aguentarem por muito mais tempo", afirmou Orlando Gonçalves.
Em declarações escritas à Lusa, o Ministério da Educação afirma que este agrupamento de escolas (AE) "cumpre o rácio de assistentes operacionais e não há informação de baixas prolongadas".
"Este Agrupamento viu o seu corpo de funcionários reforçado no concurso que autorizou a contratação de 1.067 assistentes operacionais, o que lhe possibilitou a contratação de mais um funcionário a tempo indeterminado. No caso de ausências prolongadas, pode recorrer à reserva de recrutamento (bolsa de contratação)".
Contactado pela Lusa, o diretor do Agrupamento de Escolas Manoel de Oliveira, Arnaldo Lusa, afirmou que o número de assistentes operacionais na Escola da Vilarinha "é igual ao dos últimos anos" e que "não está previsto qualquer reforço" de funcionários.
"Habitualmente temos a colaboração da Junta de Freguesia [de Ramalde] que faz prolongamento de horário e coloca um colaborador para ajudar ao fim da tarde. Este ano atrasou-se um bocadinho, mas já lá está um a tempo parcial", acrescentou.