Num e-mail da câmara de Famalicão, era pedido aos diretores das escolas que fossem enviados os nomes dos funcionários "que aderiram à greve, para comunicar aos recursos humanos". Mas foram várias as autarquias que o fizeram, de norte a sul do país.
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Na última sexta-feira, dia da greve de pessoal não docente nas escolas, a Câmara Municipal de Famalicão enviou um e-mail a 16 diretores de agrupamento a solicitar os nomes de quem não estava a trabalhar. O Jornal de Notícias dá conta , esta manhã, de que esta situação se replicou por mais de uma dezena de autarquias, de norte a sul do país, que fizeram o mesmo pedido às escolas correspondentes.
No e-mail era pedido que fossem remetidos "logo que seja possível" os nomes dos funcionários "que aderiram à greve, para comunicar aos recursos humanos". Fonte camarária da autarquia de Famalicão explicou, em comunicado enviado à TSF, que tudo se tratou de um lapso e que o que se pretendia era apenas traçar o diagnóstico dos efeitos da paralisação.
"Como sempre se fez na autarquia, o que se pretendia era tão só o número de funcionários em falta para efeitos de diagnóstico de funcionamento dos serviços e para reporte às mais variadas instituições que solicitam os dados, como por exemplo a comunicação social", esclarece a Câmara Municipal de Famalicão.
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A resposta foi geralmente a mesma: a maior parte dos agrupamentos recusou-se a responder quais os trabalhadores que fizeram greve a 29 de novembro. Esta segunda-feira, relata ainda o JN, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais vai questionar a Associação Nacional de Municípios e denunciar o caso à Inspeção-Geral da Educação, já que a federação sindical considera que tal é uma violação da Lei da Greve.
Ainda na sexta-feira, dia de greve que teve uma adesão de mais de 85%, surgiu a denúncia por parte de assistentes operacionais de que teriam recebido por telemóvel mensagens dos coordenadores das escolas com um pedido para irem trabalhar, "ou a escola era encerrada". Orlando Gonçalves, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Norte, admitiu, em declarações à TSF, "participar à Inspeção-Geral da Administração Local e todas as outras instâncias, e até ao tribunal, porque não poderemos permitir que haja este tipo de coações relativamente a trabalhadores".
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"Para além de as câmaras terem feito esse pedido dos nomes de quem aderiu à greve, também temos conhecimento de trabalhadores que receberam SMS dos próprios diretores das escolas a pedir aos trabalhadores - não foi a ameaçar, mas a pedir - que fossem trabalhar, porque, caso não fossem, as escolas não iriam encerrar", denuncia.
Na perspetiva de Orlando Gonçalves, "mesmo não havendo uma ameaça, esta é uma forma de coação para desmobilizar para a greve, e de colocar a responsabilidade de a escola abrir ou não nas mãos do trabalhador, o que não é de todo aceitável".