A paralisação da Função Pública, convocada pela Frente Comum para esta sexta-feira, está a afetar principalmente escolas, hospitais e autarquias. Lisboa e Porto são os distritos mais afetados.
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A greve nacional da Função Pública desta sexta-feira teve uma adesão global de mais de 80%, de acordo com o Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública.
Numa conferência de imprensa, ao início d a tarde, a dirigente sindical Ana Avoila revelou as contas da adesão à greve já feitas pelos sindicatos, lembrando que os números ainda podem sofrer alterações, ao longo do dia, com as mudanças de turno dos trabalhadores.
"A adesão à greve nos setores que lidam diretamente com as populações foi elevadíssima", afirmou, "em termos globais, a adesão à greve atinge mais de 80%".
Ana Avoila adiantou que, nos setores da Educação e da Saúde a adesão é "superior a 90%" e que nos tribunais a adesão está entre os 75% e os 90%.
Na administração local, segundo a Frente Comum, a maioria dos serviços das autarquias estão encerrados, "com a recolha de lixo numa adesão a 100%".
Ainda no setor da Cultura se sentem os efeitos da greve, com "monumentos como o Museu dos Coches e a Torre de Belém encerrados", referiu Ana Avoila.
As áreas de Lisboa e do Porto são as mais afetadas pela paralisação, mas também distritos como Coimbra e Setúbal estão a ser bastante atingidos.
Uma adesão "excecional"
A greve nacional da Função Pública começou à meia-noite desta sexta-feira, sendo que centenas de estabelecimentos de ensino não chegaram a abrir portas esta manhã e o setor da saúde está a ser fortemente afetado, como alguns hospitais a registarem uma adesão de 100%, disponibilizando apenas os serviços mínimos, revelou à TSF a coordenadora da Frente Comum.
Em declarações à TSF esta manhã, Ana Avoila sublinhou também a "adesão excecional à greve" ao nível das autarquias.
"Além dos hospitais, quase todos com adesão à greve de 100% (...), temos também centenas e centenas de escolas encerradas", revela a dirigente sindical. "Nas autarquias locais há também uma ação excecional, onde uma grande parte está toda [com adesão à greve] a 100%", indica.
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Vários jornalistas da TSF em reportagem pelo país têm encontrado todos tipos de cenários ligados à greve nacional: serviços que não chegaram a abrir as portas esta sexta-feira, outros a funcionar parcialmente ou casos em que a paralisação não se fez sentir.
Logo após o arranque da greve, os sindicatos afirmavam que os hospitais eram os mais afetados, com uma adesão de praticamente 100%. Ana Avoila dizia acreditar numa "grande adesão à greve", lembrando que também nas autarquias a recolha do lixo poderia ser afetada durante a madrugada.
CGTP fala em despesas supérfluas no Orçamento
A dirigente da Frente Comum previa que muitas escolas não chegassem a abrir "por falta de auxiliares, administrativos e professores".
Os trabalhadores em greve reclamam aumento dos salários, descongelamento imediato das progressões na carreira e as 35 horas semanais de trabalho para todos.
Por seu lado, o secretário-geral da CGTP já veio lembrar que há no Orçamento do Estado para 2018 verba que pode ser desviada para dar melhores condições aos funcionários públicos. Arménio Carlos considera que o Orçamento tem despesas supérfluas.
"Havendo constrangimentos, não é de dinheiro. Nós continuamos a verificar que há milhares de milhões de euros que estamos a gastar com os juros da dívida, com as PPPs (parcerias público-privadas) e com os Swaps (permutas)", criticou o líder da CGT.
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"Se isto for renegociado, pode haver dinheiro para responder aos problemas dos trabalhadores, nomeadamente a atualização anual dos salários, que não está prevista no Orçamento do Estado, e que deve ser contemplada", defendeu Arménio Carlos.
Notícia atualizada às 12h30, com balanço de adesão à greve feito pela Frente Comum, em conferência de imprensa