Os sindicalistas garantem que a crise está a levar cada vez mais portugueses a procurar os sindicatos, mas admitem que as quotas e a precariedade acabam por afastar muitos trabalhadores.
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A CGTP diz que a crise leva cada vez mais trabalhadores a querer aderir aos sindicatos.
O problema está nas «grandes dificuldades financeiras que os trabalhadores estão a atravessar e que os leva eventualmente a ponderar», disse Joaquim Dionísio, da CGTP.
«Existe uma instabilidade muito grande. A sindicalização hoje pode significar a dessindicalização amanhã porque a pessoa deixou de estar empregada, por exemplo», acrescentou o sindicalista.
A CGTP diz que tem 750 mil trabalhadores sindicalizados e a UGT fala em 500 mil.
O sociólogo alemão Reinhard Naumann, que trabalha num centro de estudos do ISCTE e que estuda os sindicatos portugueses há muitos anos, apresenta números mais pequenos.
«A CGTP tem aproximadamente 450 mil sindicalizados no conjunto dos seus sindicatos filiados e a UGT entre 150 e 200 mil. «O grande universo de organizações pequenas e médias fora das duas centrais sindicais é muito difícil estimar», disse, falando ainda assim num número «entre 50 e 100 mil».
Os inquéritos europeus tendem a colocar Portugal como um dos países onde há menos sindicalizados. Este investigador disse que estamos dentro da média europeia, de 15 a 20 por cento, baseando-se nos números dos sindicalizados com as quotas em dia.
A CGTP explica que quotas em atraso não significam que a pessoa deixou de ser membro do sindicato.
Joaquim Dionísio admitiu, no entanto, diferenças face ao resto da Europa. «As taxas de sindicalização nos países do sul da Europa são mais baixas do que do norte da Europa», onde os sindicatos fazem outras coisas que não fazemos, como pagar subsídio de desemprego, explicou.
Este membro da comissão executiva da CGTP admitiu ainda que muitas vezes os portugueses só se lembram do sindicato quando têm um problema.