Gripe deste ano pode matar mais idosos e sobrecarregar ainda mais os hospitais
Centro europeu emite alerta aos governos para reverem resposta dos serviços de saúde durante a época festiva quando a gripe se prevê que chegue em força.
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O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertam que os dois tipos de vírus da gripe que já começaram a circular, em simultâneo, neste inverno, podem causar uma elevada mortalidade entre os idosos e uma sobrecarga dos serviços de saúde.
O especialista em gripe do ECDC, Pasi Penttinen, explica à TSF que os dois tipos de vírus da gripe que já estão em circulação pela Europa, há cerca de duas semanas, revelam um cenário que deve colocar as autoridades de saúde de sobreaviso.
Pasi Penttinen detalha que "sabemos que quando estes dois tipos, A(H3N2) e B, estão em circulação ao mesmo tempo é provável que seja uma época de gripe com consequências muito pesadas".
Alerta aos governos europeus
A previsão do ECDC aponta para que o pico da época europeia de gripe aconteça perto da passagem de ano.
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"Quisemos fazer este ponto da situação para alertar os ministérios da saúde da Europa que devem rever a capacidade dos seus sistemas de saúde durante a época festiva que pode ter muitos doentes nos hospitais e menos profissionais de saúde para dar resposta", diz o especialista.
Pasi Penttinen acrescenta que a última vez que tivemos estes dois tipos de gripe em circulação foi entre 2017/2018 e a mortalidade europeia ficou cerca de 150 mil óbitos acima do normal, "sobretudo entre a população mais idosa e frágil".
O ECDC reforça a necessidade das pessoas em maior risco se vacinarem, nomeadamente idosos, certos doentes crónicos e os profissionais de saúde.
Sobrecarga nos hospitais
Pasi Penttinen adianta ainda à TSF que esperam muita procura dos serviços de saúde porque o tipo B, como aquele que já está em circulação em Portugal, costuma causar muitos surtos, por exemplo em escolas, afetando, de seguida, por norma, os mais idosos que têm doenças crónicas.
O ECDC admite que é difícil prever com exatidão o impacto da gripe deste inverno, mas pelas estimativas que fazem com base na virulência histórica dos dois tipos de vírus em circulação esta pode ser uma das piores épocas de gripe dos últimos cinco ou seis anos.
Os últimos dados divulgados sobre Portugal pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge revelam que a atividade gripal epidémica ainda tem uma baixa intensidade mas está com tendência crescente, num "padrão temporal mais precoce do que o habitual".
Ou seja, este ano a gripe estará a chegar mais cedo do que costuma acontecer.