Grupo faz apelo urgente ao Governo para retirar cem pessoas da Faixa de Gaza: "Não sabemos se vão conseguir sobreviver"
"Temos uma lista detalhada com os nomes, as idades, os graus de parentesco e a identificação. Já fizemos esse trabalho todo. Só precisamos é que o Governo atue e permita retirar estas pessoas", adianta à TSF a porta-voz do Grupo de Apoio a Refugiados Palestinianos
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O Grupo de Apoio a Refugiados Palestinianos apela ao Governo português que retire da Faixa de Gaza cerca de cem pessoas, que incluem homens, mulheres e crianças.
Em declarações à TSF, Joana Vaz Ferreira, a porta-voz do grupo, sublinha que o apoio do Estado português à retirada destas pessoas é "imperativo" e estaria em linha com o exemplo que outros países europeus já estão a seguir.
Em conversas que vamos tendo com as pessoas, conseguimos perceber que têm perdido peso, realmente estão muito doentes e as pessoas têm mesmo de sair ali.
A porta-voz alerta que a situação está "mesmo grave": "Não sabemos se as pessoas vão conseguir sobreviver, porque a situação está mesmo caótica."
O apelo não é novo, mas o Grupo de Apoio a Refugiados Palestinianos ainda não obteve qualquer tipo de resposta para o problema, apesar de já ter falado com diversos partidos, com os consultores do Presidente da República.
"O nosso apelo — e nós já temos feito manifestações e já enviámos inclusivamente pedidos oficiais de audiência com o primeiro-ministro e com o ministro dos Negócios Estrangeiros — é de que alguma coisa tem de ser feita", reforça.
A Presidência da República confirma que dois assessores da Casa Civil se reuniram com representantes do Grupo de Apoio a Refugiados Palestinianos. Numa resposta enviada à TSF, a presidência diz que foi informada sobre a situação e, nessa reunião, terá sido dito ao grupo que iriam informar o gabinete do primeiro-ministro.
A porta-voz deste grupo deixa ainda claro que a resposta que o Governo pode dar a estas pessoas é a mesma que já deu em outras situações.
"Só estamos a exigir que Portugal aplique os procedimentos que tem porque em 2015/2016 já fez isso e em 2021/2022 também. Em 2023 também já houve evacuações da Faixa de Gaza, já depois deste conflito se ter iniciado", aponta.
Joana Vaz Ferreira insiste que o Estado português deve seguir o exemplo de países como Itália, França e Espanha, que ajudaram a retirar palestinianos da Faixa de Gaza, e permitir que tenham asilo em Portugal ou, então, proteção temporária.
"Temos uma lista detalhada com os nomes, as idades, os graus de parentesco e a identificação. Já fizemos esse trabalho todo. Só precisamos é que o Governo atue e permita retirar estas pessoas", destaca.
Nenhuma ajuda humanitária foi autorizada a entrar no território palestiniano durante dois meses, pelo que as agências da ONU e organizações não-governamentais que trabalham em Gaza têm vindo a alertar, há várias semanas, para a escassez de alimentos, água potável, combustível e medicamentos no enclave, em guerra há mais de 19 meses.
De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde, de 12 de maio, toda a população de Gaza, cerca de dois milhões de pessoas, está em risco de morrer à fome, além de ser vítima da invasão militar israelita.
A campanha de represálias militares de Israel causou a morte de quase 54 mil pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas.