Guterres "seguro" de que Brasil continuará "pilar fundamental da ordem internacional"
Secretário-geral da ONU apela ao empenhamento da CPLP para que se mantenha "árbitro e ponte" para assegurar defesa do multilateralismo face às ameaças crescentes no mundo.
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O secretário-geral das Nações Unidas garantiu, esta segunda-feira, em Lisboa, que a CPLP é "um dos mais fortes pilares de apoio" da organização para a defesa do multilateralismo e do direito internacional face às crescentes ameaças.
Assegurando que as Nações Unidas resistem "contra ventos e marés", António Guterres mostrou-se preocupado com o atual momento que vivemos e que classifica de "paradoxal".
"Nunca foram na minha geração tão sérias as ameaças à comunidade internacional", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas na cerimónia em que recebeu o "Prémio José Aparecido de Oliveira", na sede da CPLP, dando como exemplos as alterações climáticas, o terrorismo (hoje com uma natureza global), a multiplicação de conflitos e a o facto de a não-proliferação de armas nucleares e químicas que já não ser vista como uma garantia.
Ameaças que, para o secretário-geral da ONU, "nenhum país por si só pode neutralizar", defendendo, por isso, "empenhamento" da comunidade internacional e em particular da CPLP para que assuma o "papel de árbitro e ponte" que permita assegurar "a defesa do direito e da justiça".
"E o meu apelo que é que a CPLP assuma esse papel cada vez mais", sendo "um pilar essencial na defesa desse multilateralismo e da ordem internacional, baseada no direito e na justiça". Porque só assim, em conjunto, diz, o mundo pode ser capaz de enfrentar as ameaças cada vez mais crescentes.
Após a cerimónia, Guterres foi questionado pelos jornalistas sobre se via no resultado das recentes eleições brasileiras uma ameaça ao multilateralismo e esclareceu que tem "todo o interesse em manter com o novo governo brasileiro um diálogo construtivo e aberto" e disse "estar seguro de que o Brasil continuará a ser um pilar fundamental da nossa ordem internacional".