Há 200 mil portugueses em isolamento e nunca existiram tantos casos em vigilância
Aumento dos casos em vigilância é um mau sinal para aquilo que pode acontecer nos próximos dias.
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Nunca existiram tantos novos casos de Covid-19 como nos últimos dois dias (quarta e quinta-feira), mas também nunca existiram tantos casos sob vigilância por contactos de risco, algo que é um sinal de que os números de testes positivos podem manter-se elevados nos próximos dias ou mesmo continuar a aumentar.
Ao todo, juntando casos ativos e casos em vigilância pelas autoridades de saúde, há hoje quase 200 mil pessoas em isolamento - cerca de 2% da população portuguesa.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), 103.771 pessoas estão atualmente em vigilância, ou seja, isolados em casa por terem tido um contacto de risco como aconteceu, por exemplo, até 30 de dezembro, durante 14 dias, com o primeiro-ministro António Costa depois de um contacto próximo com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Estas quase 103.771 pessoas correspondem ao número mais elevado em vigilância nos boletins da DGS desde o início da pandemia, em março.
Depois de uma forte subida a meio de novembro - e mesmo aí nunca foi ultrapassada a barreira dos 96 mil -, os portugueses em vigilância voltaram a disparar no início de janeiro, ultrapassando na quarta-feira a fasquia dos 100 mil.
Como os casos ativos - infeções ainda não consideradas resolvidas - também estão em máximos (93.360), ao todo, se juntarmos aos casos em vigilância - dois grupos que têm de ser acompanhados pelo Serviço Nacional da Saúde (SNS) -, temos atualmente quase 200 mil pessoas em isolamento.
A quase totalidade destas pessoas são acompanhadas pelos médicos de família e Rui Nogueira, antigo presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, explica que os números anteriores são, "de facto, alarmantes", admitindo que normalmente os casos em vigilância são uma espécie de indicador avançado da potencial evolução futura das infeções a serem confirmadas.
"Quando temos um aumento muito elevado, como agora, de pessoas em vigilância, um número significativo destas pessoas passará mais tarde a manifestar sintomas da doença", refere o clínico, para quem estes são mais sinais de que os números de infeções dos últimos dois dias, próximos dos 10 mil casos diários, não serão, tudo indica, situações "episódicas".
"Temos, necessariamente, de contar com mais casos - e mais casos graves - nos próximos dias", conclui Rui Nogueira.
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