Números foram comunicados pela Iniciativa Liberal depois da reunião com o Governo. Executivo, que não divulgou projeções macroeconómicas no Programa de Estabilidade, está a trabalhar com indicador de "cerca de 7% de quebra do PIB".
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Das cerca de 115 mil empresas que aderiram ao regime de lay-off simplificado, cerca de 40 mil não renovaram os pedidos em maio. O número foi revelado por João Cotrim de Figueiredo à saída da reunião com o primeiro-ministro. O deputado da Iniciativa Liberal quer agora perceber o porquê: voltaram a laborar ou fecharam?
Depois de realçar que não se conhece ainda a verdadeira extensão da crise económica e social que temos pela frente, o presidente da Iniciativa Liberal não tem dúvidas de que "já se pode dizer que será a crise mais profunda de que há memória". E os indicadores respaldam esta convicção?
Questionado se o Governo revelou algumas projeções macroeconómicas na reunião em São Bento, Cotrim de Figueiredo começa por avançar que o executivo está a trabalhar com os dados de "uma quebra do produto [interno bruto] de cerca de 7%, uma diferença de saldo orçamental relativamente ao previsto que andará à roda dos 6,5% do produto e esses números eram, se não conhecidos, dentro daquilo que eram estimativas correntes".
O deputado da Iniciativa Liberal nota depois que ficou a conhecer que há 40 mil empresas que não renovaram o pedido de lay-off em maio e é aí que se desdobram as questões. "A pergunta que se põe imediatamente é se não renovaram porque já não necessitam e voltaram a laborar ou já não acreditam que seja possível sustentar-se, mesmo com o regime de lay-off e, portanto, nunca mais vão voltar a laborar e entraram em processo de dissolução. Esses dados não estão completamente disponíveis, mas há a convicção de que há um retorno significativo dessas empresas à atividade", nota.
Falta sentido de urgência ao governo
Para João Cotrim de Figueiredo seria importante aproveitar esta retoma da economia "como uma oportunidade de fazer diferente, de criar uma economia mais ágil e mais dinâmica", no entanto, não sai convencido de que o governo esteja disposto a fazê-lo. Pelo menos, pelos cânones da Iniciativa Liberal.
Desde logo, falta "urgência" ao governo. Considera o deputado da Iniciativa Liberal que "parece haver ainda demasiada expectativa em relação ao próximo dado, à próxima decisão que possa vir da Europa, ao próximo impacto de uma decisão na popularidade". "Acho que ainda há demasiado cálculo e falta de urgência", diz Cotrim de Figueiredo para quem é importante que o país chegue "na linha da frente" às "oportunidades que agora se geram" porque elas "vão estar disponíveis para todos e vão se esgotar depois de aqueles que lá chegarem primeiro as aproveitarem".
Ainda assim, para a Iniciativa Liberal, nem tudo é mau na atitude do governo. "O governo está suficientemente aberto para ouvir alternativas para não se fechar em nenhuma reserva demasiado rígida, ideológica ou outra", sinaliza o deputado que gostaria de ver nesta fase uma maior aposta em reformas dos sistemas de saúde e da justiça.