Milhares de alunos sem professores e docentes sem formação adequada. "Se não lutarmos, o colapso não tarda está aí"
Fenprof, FNE e S.TO.P alertam para a falta estrutural de profissionais no arranque do novo ano letivo.
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Há mais de 92 mil alunos sem professores a várias disciplinas no arranque deste novo ano letivo. Em declarações esta quinta-feira no Fórum TSF, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, conta que há alunos que "não têm quatro, cinco ou seis professores".
Faltam sobretudo docentes de português, educação especial, geografia, informática, matemática, inglês, biologia, geologia, mas também professores do pré-escolar e educadores de infância. Os distritos com mais horários por preencher, em número absoluto, são Lisboa, Setúbal, Faro, Santarém e Porto.
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Segundo a sondagem da Aximage para a TSF, JN e DN divulgada esta quinta-feira mostra que 62% dos inquiridos consideram que Governo não fez o suficiente para se aproximar das reivindicações dos professores.
Este inquérito mostra que os portugueses "sabem o que é ser professor" e compreendem os problemas dos docentes, considera Mário Nogueira. "Muito são ou foram professores. Uma grande maioria tem familiares (...) que são professores e praticamente todos têm um ou tiveram um familiar jovem na escola" e por isso mesmo "sabem quais são os sacrifícios e qual é a dedicação que os professores têm a escola".
O secretário-geral da Fenprof garante que os professores não vão baixar os braços. "A não serem resolvidos os problemas, a luta dos professores vai continuar e é sempre a pensar na escola, sempre a pensar nos alunos" e pelo futuro da escola pública. "Se não lutarmos, o colapso não tarda está aí", alerta.
Por sua vez, Filinto Lima, presidente da direção da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), apela ao Governo que ouça o Presidente da República: "É preciso aproveitar oportunidade que o professor Marcelo Rebelo de Sousa deu a todos nós para que fossem encetadas, mais uma vez, as negociações entre estas duas partes".
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"O braço de ferro é bastante intenso", lamenta "e não se vê uma luz ao fundo do túnel para resolver este problema".
Pedro Barreiros, vice-secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), também alerta para o problema estrutural da carreira docente, que, sublinha, nada tem a ver com a contestação dos profissionais.
"Não venham responsabilizar os professores e as organizações sindicais por haver neste momento 100 mil alunos sem professores. A responsabilidade não é das greves, nem é dos professores que dão o seu melhor no seu dia a dia."
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"Muitas vezes, e neste momento, posso garantir que há muitos professores que estão a assumir outras funções em virtude da falta de professores. Portanto, há aqui uma entrega total dos professores aos seus alunos", afirma Pedro Barreiros.
André Pestana, dirigente do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P), lamenta também que devido à falta de profissionais muitos docentes estejam a lecionar sem formação adequada.
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"Não só este número astronómico de alunos sem professor, também é importante referir os muitos outros milhares de alunos que neste momento estão com professor, mas os professores não têm as habilitações próprias pedagógicas necessárias para ser efetivamente professor."