As minas estiveram em funcionamento entre os séculos I e III depois de Cristo, em pleno domínio romano.
Corpo do artigo
Um grupo de investigadores espanhóis confirmou a existência de antigas minas de ouro romanas no centro de Portugal. A Câmara de Penamacor, em Castelo Branco, é parceira da investigação e lembra que a existência destas minas não era totalmente desconhecida, mas este projeto de investigação mostra agora a verdadeira dimensão desse complexo.
É uma descoberta que revela que a Lusitânia já foi uma das principais zonas produtoras de ouro do Império Romano. Os investigadores espanhóis do Consejo Superior de Investigaciones Científica - CSIC descobriram minas a céu aberto, em escavações feitas com o apoio da autarquia de Penamacor e que estiveram centradas no conjunto mineiro do Covão do Urso e Mina da Presa.
Dirigido por Brais X. Currás e por F. Javier Sánchez-Palencia, o projeto conta já com resultados publicados na revista Antiquity.
TSF\audio\2021\06\noticias\29\18_magda_cruz_ouro
Para esta descoberta foram usados meios de teledeteção aérea, empregando a análise da fotografias aéreas de 1950, mas também de outros meios mais modernos, como o uso de tecnologia laser para fazer medições. O resultado da investigação permitiu documentar um extenso conjunto de minas das quais já só restam grandes montes de pedra.
Numa nota enviada à agencia Lusa, a autarquia de Penamacor explica que as minas se localizam no vale do Tejo e nos seus afluentes, neste caso os rios Erges, Ponsul, Ocreza e Zêzere, sendo que no Zêzere uma boa parte das minas situam-se abaixo das barragens e só podem ser reconhecidas nas fotografias aéreas tiradas pelo exército nos anos 1940.
Para além disto, também ficou documentada uma grande área mineira no vale do rio Alva, até agora quase desconhecida, e que alberga uma das maiores conjuntos de explorações de ouro romanas de todo o país.
As minas estiveram em funcionamento entre os séculos Primeiro e Terceiro depois de Cristo, em pleno domínio romano.
Esta investigação iniciou-se no âmbito de um projeto de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia dirigido por Brais X. Currás na Universidade de Coimbra e foi levado a cabo com financiamento dos projetos de "Arqueología en el Exterior" do Estado Espanhol.
Atualmente, a investigação continua dentro dos projetos "AVRARIA. El oro de Hispania. Impacto territorial, económico y medioambiental de la minería del oro en el Imperio romano" e "AVRIFER TAGVS. Poblamiento y geoarqueología del oro en Lusitania (AuTagus3)".
Os investigadores preveem continuar as escavações no conjunto mineiro de Penamacor, agora centrando-se no estudo do povoamento ligado às minas. Os estudiosos vão procurar entender a geologia dos depósitos de ouro, além de também de quererem continuar o estudo da presença dos exércitos de Roma na antiga Lusitânia e a relação que tinham com a mineração do ouro.