"Há aqui um conflito de interesses." Movimento Cidadão Diferente "preocupado" com tutores profissionais

O Movimento Cidadão Diferente está "preocupado" com a situação dos dirigentes de lares que estão a ser forçados a assumir o papel de tutores de adultos incapazes de tomar decisões.

O coordenador Miguel Azevedo explica à TSF essa "preocupação": "Primeiro, pelos próprios dirigentes dos lares, que são pessoas que estão a dar tempo das suas vidas para dirigir as instituições. Alguns que eu conheço pessoalmente já têm a seu cargo mais de dez pessoas com deficiência, porque as famílias já não existem e eles têm de ficar com essa responsabilidade. A segunda camada, exatamente aquela que ainda mais nos preocupa, é que estas pessoas estão a representar os utentes das próprias instituições, havendo aqui um conflito de interesse." Neste último ponto, questiona o que acontecerá caso haja um problema, por exemplo, caso "a pessoa com deficiência não esteja a receber os tratamentos devidos".

O alerta surge depois da notícia deste domingo do jornal Público, que escreve que, nos últimos cinco anos, deram entrada quase 41 mil processos de maior acompanhado. Acrescenta que, à falta de pessoas próximas para tutores de adultos incapazes de tomar decisões, os tribunais têm nomeado para essa tarefa diretores de lares.

Miguel Azevedo sublinha ainda que a organização à qual pertence já fez chegar estas questões aos diferentes governos, mas que sempre lhes foi dito que o problema "está a ser estudado".

O coordenado do Movimento Cidadão Diferente assinala que, acima de tudo, é preciso "respeitar as pessoas com deficiência" e "criar "todas as condições para que elas estejam incluídas na sociedade", não atirando um conjunto de responsabilidades para cima das instituições.