Infraestruturas de Portugal acredita que mais do que a rede de estradas estar mal construída o problema é a construção urbana sem grande planeamento.
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Mais de metade dos mortos nas estradas portuguesas acontecem em zonas urbanas, ou seja dentro de localidades. O número é dos mais altos da Europa e preocupa quem gere as estradas.
Entre 2012 e 2016, cerca de 77% dos acidentes ocorreram em espaços urbanos, com uma média de 330 mortos por ano (54% do total) e 1580 feridos graves (61% do total).
Mais grave, para os especialistas, é que tem aumentado a percentagem de acidentes fatais que acontecem em zonas urbanas, muito acima da média europeia, sendo essa a principal razão para o aumento da sinistralidade global.
Razões que levam a Infraestruturas de Portugal, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, a Câmara de Lisboa, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o Centro Rodoviário Português a debaterem esta sexta-feira a "Segurança da circulação em meio urbano".
Ana Tomaz, representante da Infraestruturas de Portugal - entidade que gere as principais estradas portuguesas -, sublinha que é muito o trabalho a fazer nesta área, mas destaca que muitas vezes as estradas nascem e depois começam a ser construídos edifícios transformando estradas que até aí eram seguras em estradas inseguras, com muitos carros a entrar e a sair ou peões a atravessá-las.
Na prática, admite a responsável do Departamento de Segurança Rodoviária, mais do que a rede de estradas estar mal construída, o problema é a expansão urbana e construção sem grande planeamento.
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Ana Tomaz sublinha que há localidades à volta de estradas que só surgiram depois das estradas, dando o exemplo de estradas nacionais (como a EN1) onde, devido às casas entretanto construídas, já se fizeram variantes e, também nestas, já há "ocupações junto à estrada...".
A Infraestruturas de Portugal, que apenas gere uma parte das estradas em zonas urbanas, sublinha que, para travar os acidentes nestas áreas, tem previstas 213 obras, sobretudo nos distritos onde o problema é mais grave (Braga, Porto e Lisboa), num total de 56 milhões de euros. Estas obras deverão fazer cair a sinistralidade 25% numa década, poupando 100 vidas e mais de 8 mil feridos.