"Há doentes sozinhos." Metade dos hospitais não permite apoio de voluntários a internados
O presidente da Federação Nacional do Voluntariado em Saúde explica à TSF que ainda não foi alterada a medida aplicada durante a pandemia que afastou os voluntários dos hospitais.
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Pelo país, muitos hospitais não permitem que os voluntários deem apoio aos doentes que estão internados. Desta forma, estas pessoas só podem dar apoio às consultas externas, denuncia a Federação Nacional do Voluntariado em Saúde.
O presidente da federação, Carlos Pinto Ribeiro, explica à TSF que ainda não foi alterada a medida que foi aplicada durante a pandemia e que afastou os voluntários dos hospitais, mas o que se passa agora é que a resposta aos pedidos para voluntariado é demorada.
"Cinquenta por cento dos hospitais portugueses não permitem que os voluntários estejam no espaço de internamento a fazer o seu trabalho importante, humanizando o internamento fortemente e esta é a realidade. Porque é que não conseguem? Porque os voluntários solicitam à administração o acesso ao internamento e a administração envia esse pedido para as comissões de controlo de infeção. Depois estas comissões, com profissionais dos hospitais habilitados a tratar destas questões dos controlos das infeções, acabam por atrasar a resposta. Não emitem resposta e estamos nesta situação há muito tempo, desde 2023 e continuamos em 2024", contou Carlos Pinto Ribeiro.
O responsável garante que não vão desistir até que a situação se altere.
"Continuamos a questionar as administrações hospitalares e continuamos a questionar e a falar de voluntariado em saúde através de muitas iniciativas. Já fomos recebidos na Assembleia da República pela Comissão de Saúde, já interpelámos várias vezes a Direção-Geral de Saúde sem obter qualquer resposta. Enfim, nós estamos sempre em constante provocação, entre aspas, das estruturas que nos rodeiam para que o voluntariado em saúde tenha o seu espaço, seja reconhecido e que, mesmo que em surdina, se avaliem e se reconheçam as mais-valias que o voluntariado em saúde traz para todos", garantiu o presidente da Federação Nacional do Voluntariado em Saúde.
Contactada pela Lusa, a Direção Executiva do SNS afirmou que não emitiu nenhuma orientação no sentido de impedir a entrada de voluntários no internamento dos hospitais.
Ainda em declarações à TSF, Carlos Pinto Ribeiro defendeu a importância do voluntariado em saúde.
"Há doentes internados nos hospitais portugueses que, em termos sociais, estão completamente sozinhos, não têm visitas familiares, não têm espaço ou tempo para se reconfortarem psicologicamente e reconhecendo que os profissionais de saúde fazem um trabalho meritório em termos de tratamento das doenças, há uma parte psicológica que está completamente ultrapassada e que prejudica muito os doentes. O voluntário no internamento tem um papel fundamental. Leva revistas, leva jornais, visita, conversa. Há voluntários que leem poesia e prosa para os doentes", acrescentou.
