O aviso é feito por uma das investigadoras de um estudo que vai ser hoje premiado pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa sobre a importância da alimentação nos tratamentos de cancro. A presidente da Associação de Administradores Hospitalares reconhece que ainda há trabalho a fazer nesta matéria.
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O estudo "Intervenção nutricional individualizada é importante benefício para pacientes com cancro colorretal: acompanhamento de longo prazo de uma experiência controlada de terapia nutricional", desenvolvido por um grupo de investigadoras da Unidade de Nutrição e Metabolismo do Instituto de Medicina Molecular, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, foi o trabalho distinguido na 4ª edição do prémio da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, que vai ser hoje entregue.
Os investigadores que avaliaram o benefício de planos alimentares adequados a tratamentos oncológicos notam que há, nessa matéria, pouco cuidado dos hospitais portugueses.
O estudo acompanhou a evolução de 111 doentes com cancro colorretal. Primeiro em 2005, depois em 2012.
A primeira análise já tinha provado os efeitos positivos de um plano individual feito à medida de cada doente. Por exemplo, uma maior tolerância aos tratamentos e a atenuação dos sintomas.
A coordenadora da investigação, Paula Ravasco, explica que a análise de 2012 provou que as consultas individualizadas de nutrição trouxeram também melhorias claras no longo prazo. Sete anos depois, os doentes apresentavam uma melhor qualidade de vida.
Uma relação lógica entre alimentação e tratamentos oncológicos, que provavelmente tem impacto na sobrevivência dos doentes.
A investigadora do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa lamenta que em Portugal muitos hospitais coloquem para segundo plano os conselhos de alimentação aos doentes com cancro.
A investigadora da Faculdade de Medicina sublinha que existe falta de nutricionistas nos hospitais portugueses. E está mais que provado que ensinar a comer pode poupar milhões de euros ao Estado no tratamento dos doentes.
Contactada pela TSF, a presidente da Associação de Administradores Hospitalares admite que ainda não é reconhecida a importância dos nutricionistas em certos tratamentos, mas também sublinha que a falta de meios justifica alguma falta de investimento nesta matéria.