Há margem para salvar maioria? PS "não sonhava" com saída de Costa, mas já pensa em solução
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"Ninguém sonhava." A expressão é de um deputado do PS, ouvido pela TSF, que atesta o choque com que o partido viveu o terramoto político de 7 de novembro, que marcou o ponto final de oito anos de governação socialista de António Costa. O PS está "preparado para tudo" e até pode indicar um novo primeiro-ministro: Carlos César e Santos Silva podem ser solução.
António Costa fecha "um ciclo" como primeiro-ministro, em plena maioria absoluta, e depois de o próprio ter soltado um marcante "habituem-se", altura em que garantia que seriam mais "quatro anos". A oposição pede eleições antecipadas, mas no PS há quem antecipe outra solução para salvar a maioria.
Marcelo Rebelo de Sousa pode ser tentado a dar posse a um novo governo, com um novo primeiro-ministro, numa altura em que ainda não é claro se a direita é uma verdadeira alternativa
À TSF, o mesmo deputado socialista suspeita que Marcelo Rebelo de Sousa não deverá querer entregar o poder a uma coligação com o Chega. E recorda até a operação Vórtex que não visa diretamente Luís Montenegro, mas implica um amigo próximo do líder do PSD: o antigo deputado Joaquim Pinto Moreira.
Além disso, estamos perante um cenário internacional que "não é bom", como o próprio António Costa já reconheceu, e o dia 7 de novembro marca também o início de uma crise política e institucional.
A bazuca de Bruxelas, com os milhões que chegam do Plano de Recuperação e Resiliência, é outro fator que exige cautelas ao Presidente, de acordo com os socialistas.
Santos Silva ou Carlos César no lugar de Costa?
E em cenário de não-dissolução, há dois nomes que saltam à vista no PS para o cargo de primeiro-ministro: o presidente do partido, Carlos César, ou o atual presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
José Luís Carneiro é outro nome que corre nos corredores socialistas, mas um dirigente do PS lembra à TSF que o atual ministro da Administração Interna é um possível candidato a secretário-geral, e Pedro Nuno Santos "não aceita facilitar a vida a um eventual concorrente".
"Que seja alguém que lave a cara ao país e ao partido durante três anos e depois vá a sua vida com muita gratidão e carinho", acrescenta o mesmo dirigente.
No cenário de não-dissolução, o conselho é para que partido ouça "tudo e todos", incluindo Pedro Nuno Santos, para não criar cisões internas.
Por agora, é o tempo de Marcelo Rebelo de Sousa, mas o Presidente da República tem já a garantia, pelas palavras do presidente do partido Carlos César, que o PS está preparado para tudo: sejam eleições antecipadas ou a indicação de um novo primeiro-ministro.
O ainda primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta terça-feira que apresentou a demissão do cargo na sequência da abertura de um inquérito, pelo Supremo Tribunal de Justiça, à sua conduta nos negócios do lítio e hidrogénio verde. O primeiro-ministro fechou também a porta a uma eventual recandidatura ao cargo, falando num "ciclo que termina".
