A loja Artebela está aberta há 57 anos em Algés. Sobrevive aos tempos graças ao poder de adaptação de Ilídio Espada, sempre curioso, sempre à procura de conquistar clientes.
Corpo do artigo
Ilídio Espada herdou do pai a paixão pela fotografia. Recorda aquele "maluquinho amador" que se divertia a tirar fotografias aos amigos. A Kodak de 1918 com que o via fotografar está em lugar de destaque num expositor da loja que tem há 57 anos em Algés.
Na escola, arranjou alguns trabalhos como fotógrafo e depois de terminar a escola industrial foi o caminho que seguiu. Trabalhava em Belém, Algés, Dafundo... A carteira de clientes que foi criando permitiu-lhe abrir uma loja. Na altura, a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra via nascer os primeiros prédios.
TSF\audio\2017\09\noticias\19\mtsf_joana_carvalho_reis_foto_arte_bela
A ideia inicial era chamar ao estabelecimento "Belarte". Mas Artur Agostinho tinha uma grande agência de publicidade com o mesmo nome e Ilídio não quis ter problemas. Ficou "Artebela".
Eram outros tempos. Quando as casas de fotografia estavam abertas ao domingo, vestia-se a melhor roupa e aproveitava-se para tirar a foto de família.
Ilídio sempre foi um curioso e encontrou em pequenas inovações uma forma de conquistar clientes.
Tinha a preocupação de "apanhar o comboio na altura certa". Por isso, quando veio a fotografia a cores rapidamente se adaptou. Tal como com as Polaroid. E da mesma forma com o digital.
Na cave da Foto Artebela, o estúdio está sempre pronto, mas já são poucos os clientes. De vez em quando, lá tira uma fotografia de família. As últimas foram tiradas a estrangeiros: um casal que veio da Bélgica e um outro do Japão. "Lá já não fazem disto", conta Ilídio.
E depois há também as bodas de ouro de clientes de quem fez o casamento. "Faço questão de tirar, para lembrar que já há 50 anos os fotografei".
Aos 83 anos, Ilídio quer manter a Foto Artebela até quando conseguir. Mais até por carolice. É nesta casa histórica que junta amigos e antigos clientes. O filho dá uma ajuda e toma conta da loja por algumas horas. Esse tempo usa para ir até à Universidade Sénior, onde tem aulas de Sociologia, de Literatura ou Espanhol.
Ilídio até podia dar umas luzes aos colegas da universidade sobre fotografia... "Não! Isso não! Eu saio e não levo uma máquina nem tiro fotografias com o telemóvel", garante, "casa fechada, não há fotógrafo".