Maior risco de AVC nas mulheres está ligado à maior longevidade em relação aos homens.
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Três pessoas por hora são vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em Portugal. Os dados são da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), acerca da doença que continua a ser a principal causa de morte e incapacidade no país, com as mulheres a terem maior risco. Tem-se verificado uma diminuição da incidência de novos casos de AVC e têm aumentado os sobreviventes.
O Dia Nacional do Doente com AVC é assinalado esta sexta-feira e a SPAVC lembra que, dos três portugueses que a cada hora sofrem um AVC, um não sobrevive e, pelo menos um dos outros, fica com sequelas incapacitantes.
Na comunidade médica, o reconhecimento da importância do género no prognóstico do AVC é crescente. A mulher tem maior risco ao longo da vida, sobretudo devido à maior longevidade.
"A mulher é geralmente mais idosa, funcionalmente mais dependente e tem AVC mais graves", referiu em declarações à agência Lusa, Teresa Cardoso, coordenadora do Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral da Sociedade de Medicina Interna.
O risco está ligado, sobretudo, ao facto de a mulher ter mais arritmias, sobretudo um tipo específico (fibrilhação auricular), ter mais hipertensão após a menopausa e ter um risco superior de AVC por diabetes. A médica lembra que a mulher tem pior prognóstico em termos funcionais relativamente ao homem e também menor qualidade de vida após um AVC.
Contudo, há prognósticos semelhantes em ambos os sexos, sobretudo quando é usado o tratamento adequado. O tratamento trombolítico e cuidados em unidades de AVC garantem um bom prognóstico, independentemente dos fatores de risco específico. Teresa Cardoso sublinha que o prognóstico após AVC é inevitavelmente influenciado pela qualidade de tratamento e pelas condições sociais.
Perante sintomas de AVC - boca ao lado, dificuldade em falar ou perda de força de um lado do corpo - os especialistas frisam que deve ser contactado o 112 e aconselham a que nunca se desloquem para o hospital pelos próprios meios, pois a escolha da unidade com cuidados adequados é fundamental.